Os funcionários públicos em Angola receberam um aumento salarial de 25%. No entanto, muitos trabalhadores afirmam que este reajuste não foi suficiente para melhorar sua qualidade de vida, especialmente diante da inflação elevada que atinge o país, estimada em 27,5%.
Apesar do aumento, os salários não estão acompanhando o ritmo do aumento dos preços, que têm pressionado as finanças das famílias angolanas. Adão Dala, um professor de Malanje, por exemplo, teve seu salário de 260 mil kwanzas (aproximadamente 260 euros) ajustado para 325 mil kwanzas (325 euros). No entanto, ele destaca que o reajuste não foi suficiente para cobrir o aumento vertiginoso dos preços dos produtos da cesta básica, como alimentos e combustíveis, que estão tornando a vida mais cara para a população.
O economista Carlos Rosado de Carvalho aponta que a inflação é o principal obstáculo para os angolanos. “Esses aumentos não significam nada diante de uma inflação de 27,5%,” afirma, reforçando que, embora o aumento salarial tenha sido de 30%, ele ainda não foi suficiente para recuperar o poder de compra perdido desde 2022. Para ele, essa não é uma verdadeira atualização salarial, mas uma tentativa de mitigar um problema econômico mais profundo.
Além disso, a insatisfação com o aumento não é restrita aos professores. Francisco Jacinto, secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes de Livres de Angola, critica a falta de cumprimento das promessas feitas pelo governo. Embora o aumento salarial de 25% tenha sido implementado, o acordo original incluía outros pontos que ainda não foram cumpridos, como o reajuste do salário mínimo nacional e subsídios para trabalhadores em regiões remotas.
A falta de cumprimento dos acordos tem levado a protestos, como o ocorrido em Benguela, onde mais de 800 professores ficaram sem receber retroativos dos subsídios para zonas recônditas, causando paralisações nas escolas. Ademar Ginguma, secretário do Sindicato dos Professores, alerta para o risco de novas greves caso o governo não cumpra suas promessas, e destaca o impacto negativo que essas paralisações podem ter no ano letivo das crianças.
Em meio a um cenário de altas taxas de inflação e insatisfação com os reajustes salariais, a população de Angola segue lutando para manter o poder de compra e garantir condições de vida melhores para suas famílias. O desafio para o governo agora é encontrar soluções efetivas para lidar com o alto custo de vida e atender às reivindicações dos trabalhadores antes que as tensões sociais se intensifiquem.