Durante a 38ª Sessão Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Adis Abeba, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo urgente para o fim do fluxo de armas para o Sudão, destacando a gravidade da situação no país africano. Guterres alertou que este fluxo de armas tem perpetuado um conflito de “escala e brutalidade espantosas” que continua a devastar a população civil e a aumentar a destruição no território sudanês.
O líder da ONU destacou que é fundamental garantir a proteção dos civis e facilitar o acesso humanitário seguro, além de interromper o fornecimento de armas que alimentam o conflito. Ele apontou que o fornecimento contínuo de armas tem permitido a prolongação da violência, resultando em um elevado número de vítimas, incluindo mortos e feridos, além de deslocados.
Desde o início do conflito entre as forças governamentais e as Forças de Apoio Rápido (RSF), há quase 22 meses, mais de 30 milhões de pessoas em todo o Sudão necessitam de assistência humanitária. De acordo com a ONU, mais de 12 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, e mais de 3 milhões se tornaram refugiados em países vizinhos. A fome tem se espalhado rapidamente, com 25 milhões de pessoas afetadas e uma situação de subnutrição que se agrava cada vez mais, com cerca de 431.000 crianças recebendo tratamento para a desnutrição no último ano.
Em resposta à situação, Guterres apelou à comunidade internacional para intensificar os esforços de ajuda humanitária e pressionar pela implementação de um cessar-fogo. “Temos que fazer mais – e fazer agora – para ajudar o povo do Sudão a sair deste pesadelo”, afirmou, pedindo que o mundo não vire as costas ao Sudão neste momento crítico.
Além do apelo de Guterres, a União Africana também classificou o conflito como a “pior crise humanitária do mundo”. O presidente da União Africana, Moussa Faki, reiterou a necessidade de um cessar-fogo imediato e permanente, apelando a todas as partes envolvidas para que coloquem fim à violência de forma definitiva.
Por outro lado, os Emirados Árabes Unidos (EAU), que têm sido acusados de apoiar as RSF, propuseram uma “pausa humanitária” durante o próximo feriado muçulmano do Ramadão, como uma forma de permitir a entrega de ajuda sem obstáculos. O ministro de Estado para a Cooperação Internacional dos EAU, Reem al-Hashimy, expressou a esperança de que essa pausa permita o envio de ajuda humanitária para os mais necessitados, especialmente mulheres e crianças, que estão sofrendo de maneira sem precedentes.
Enquanto isso, outras potências como o Egito, Turquia, Irã e Rússia também foram mencionadas como partes envolvidas no apoio a diferentes facções do conflito, com implicações políticas e militares que continuam a complicar ainda mais a resolução da crise.
O conflito no Sudão continua a ser uma tragédia humanitária de grandes proporções, e a comunidade internacional se vê diante do desafio de encontrar soluções eficazes para aliviar o sofrimento de milhões de pessoas e trazer paz duradoura à região.