Tiros de armas ligeiras e pesadas ecoaram na tarde desta quarta-feira no centro de Bissau, nas imediações do palácio presidencial, desencadeando um novo capítulo de instabilidade política na Guiné-Bissau. De acordo com a revista Jeune Afrique, o Presidente Umaro Sissoco Embaló foi detido por militares enquanto se encontrava no seu gabinete.
O próprio chefe de Estado confirmou a detenção à publicação francesa, afirmando que foi capturado por volta do meio-dia, hora local. A operação militar terá também atingido outras figuras de topo do aparelho estatal: o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Biague Na Ntan, o vice-Chefe do Estado-Maior, general Mamadou Touré, e o ministro do Interior, Botché Candé, terão igualmente sido detidos.
Segundo a France24, as Forças Armadas anunciaram ter assumido o “controlo total” do país, num momento em que ainda se aguardam os resultados oficiais das eleições presidenciais e legislativas realizadas no domingo. Tanto Sissoco Embaló como o principal candidato da oposição, Fernando Dias, reivindicaram a vitória nas urnas, alimentando um clima de tensão política.
A Guiné-Bissau soma um histórico de instabilidade desde a independência, em 1974, acumulando quatro golpes de Estado consumados e cerca de 17 tentativas.
O Governo português manifestou preocupação perante a situação, classificando os acontecimentos como uma interrupção da “normalidade constitucional” na Guiné-Bissau. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou à contenção de todas as partes envolvidas e à retomada urgente do processo de apuramento e proclamação dos resultados eleitorais.
Lisboa garantiu ainda estar em “contacto permanente” com a embaixada portuguesa em Bissau, com o objetivo de acompanhar a segurança dos cidadãos nacionais e da população local.

