Cinco meses após a morte de Maria Luemba, jovem angolana de 17 anos encontrada sem vida em Sever do Vouga, o caso permanece envolto em dúvidas e sem esclarecimentos oficiais. A família, profundamente abalada, continua a exigir respostas sobre as circunstâncias da morte, que ocorreu a 12 de junho de 2025.
Beatriz Ribeiro, avó materna de Maria, acredita que a neta poderá ter sido vítima de “inveja e racismo” e admite viver atormentada com receios constantes. “Eu também tenho medo”, declarou em entrevista ao programa Linha Aberta, da SIC. A mãe da jovem reforça que rejeita por completo a hipótese de suicídio. “Nunca senti tanto medo do que as pessoas são capazes”, afirmou, emocionada.
Os contornos do caso tornam-se cada vez mais inquietantes. O corpo da adolescente foi encontrado com uma corda ao pescoço, sem estar presa a qualquer ponto fixo, com sinais de que as mãos poderiam ter estado amarradas e marcas de sapatos no chão da cozinha. Manchas de sangue no local levantam ainda mais dúvidas e contrariam teorias iniciais sobre a causa da morte.
Família insiste numa investigação rigorosa
Numa nota pública, os pais da jovem recordam que vivem desde junho “a dor mais intensa” das suas vidas e pedem uma investigação clara e transparente. Entre as diligências já tomadas, destacam:
- Pedido de constituição como assistentes no processo, formalizado a 7 de julho no DIAP de Albergaria-a-Velha, com intervenção da Polícia Judiciária;
- Confiança no trabalho das autoridades, desde que este decorra de forma objetiva e livre de especulações;
- Agradecimento ao Consulado de Angola, que tem acompanhado os advogados da família através do vice-cônsul.
Advogados cobram respostas e apontam falhas graves
Num novo passo para pressionar o avanço do inquérito, os representantes legais da família enviaram, a 21 de novembro, uma carta ao Procurador da República Coordenador da Comarca de Aveiro. O documento exige:
- Entrega imediata do relatório final da autópsia, solicitado desde 17 de setembro e ainda sem resposta;
- Resposta urgente a dois requerimentos eletrónicos submetidos a 24 de junho e 12 de novembro, cuja leitura já foi confirmada;
- Apuramento de responsabilidade pela demora e pelo alegado silêncio dos magistrados que acompanham o caso.
O advogado Amílcar César Fernandes afirma que a falta de respostas viola direitos fundamentais da vítima e da família, incluindo o direito a um processo justo e célere, consagrado na Constituição portuguesa e na Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
Investigação segue sem conclusões
Enquanto aguardam esclarecimentos, os familiares de Maria Luemba insistem que apenas uma investigação completa e rigorosa poderá trazer justiça para a jovem e paz para a família, que continua mergulhada numa angústia sem fim.

