O professor Sam Ransbotham, da Boston College, considera que o atual aumento das demissões na indústria tecnológica está diretamente ligado à reorientação estratégica das empresas para investimentos em Inteligência Artificial (IA). Embora o fenómeno tenha gerado preocupação, o académico defende que esta transformação faz parte de um ciclo natural de adaptação tecnológica.
“As demissões estão a surgir em antecipação aos investimentos em IA”, afirmou Ransbotham, sublinhando que as empresas estão a reposicionar equipas e recursos para integrar novas ferramentas digitais que prometem ganhos de eficiência a médio prazo.
Segundo o investigador, ainda é cedo para responsabilizar a IA pelo corte de postos de trabalho, uma vez que o impacto direto das tecnologias emergentes depende da forma como cada organização gere a transição entre funções humanas e automatizadas.
Ransbotham acredita que, longe de corroer as relações humanas, a IA está a reconfigurar o papel dos colaboradores, exigindo novas competências e uma mentalidade de inovação contínua.
“A utilização de IA nas empresas não destrói as relações humanas. Pelo contrário, liberta as pessoas de tarefas repetitivas e cria espaço para o pensamento crítico, criatividade e colaboração”, explica.
O professor destaca que as lideranças empresariais têm de alinhar cultura e estratégia, assegurando que a adoção de IA beneficie tanto a produtividade como o bem-estar dos trabalhadores.
A tendência de reestruturação observada em grandes empresas tecnológicas e financeiras é vista por Ransbotham como um movimento inevitável, semelhante a outras revoluções industriais.
“A história mostra que, sempre que há uma inovação disruptiva, há também um reajuste no mercado de trabalho. O desafio é garantir que o investimento em tecnologia venha acompanhado de investimento em pessoas”, conclui.
A análise de Ransbotham surge num contexto global em que as empresas aceleram a digitalização e procuram maximizar o potencial da Inteligência Artificial, ao mesmo tempo que enfrentam pressões económicas e de eficiência.
