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Jovens angolanos formados em universidades de elite acusados de perpetuar sistema controlado pelo MPLA

by Marcelino Gimbi

Luanda – A juventude angolana enfrenta hoje divisões profundas que, segundo o analista social e ex-sacerdote Albino Paquisi, poderão influenciar o rumo político do país nas próximas décadas. Em entrevista ao O Decreto, Paquisi classificou a juventude em quatro grupos distintos: ativistas da sociedade civil, jovens alinhados com o Executivo, fiéis ao partido no poder e marginalizados sem acesso à educação ou oportunidades.

O especialista considera que as redes sociais têm desempenhado um papel importante na formação de consciência crítica entre jovens fora da estrutura partidária. “Há jovens que se tornaram verdadeiros ídolos nas plataformas digitais, inspirando outros a questionar o sistema político vigente”, afirmou.

Apesar desse despertar, Paquisi sublinha que a maioria continua presa a um modelo de lealdade partidária. “Cerca de 85% dos jovens ligados ao MPLA estão alienados, defendendo o partido como se fosse um ópio, sacrificando princípios éticos e morais em troca de cargos e privilégios”, apontou.

O analista criticou ainda a postura de jovens formados em universidades de prestígio no exterior, que, segundo ele, acabam por reproduzir as práticas do sistema em vez de promover mudanças. “Muitos estão presos ao sistema. A ciência sem ética é inútil: o conhecimento sem valores apenas fortalece um regime falido”, afirmou.

Paquisi defende que a transformação de Angola não depende apenas da participação política, mas da formação de uma consciência crítica e ética. “Educar para a cidadania e para o pensamento livre tem um impacto mais duradouro do que ocupar cargos públicos”, sublinhou.

Segundo o analista, a Igreja poderia desempenhar um papel mais ativo na formação moral dos jovens, mas em muitos casos acaba alinhada com o poder político. “Quando religião e política se misturam, enfraquece-se a capacidade de formar cidadãos críticos”, afirmou.

Paquisi destacou ainda exemplos de jovens que resistem ao sistema, como Francisco Teixeira e Nelson Adelino Dembo, conhecido como Gangsta 77, que têm defendido valores éticos e inspiram outros a questionar práticas políticas tradicionais.

Para o analista, a mudança política e social em Angola exigirá tempo e persistência. “Transformar o sistema levará pelo menos uma década de esforço contínuo, mas o crescimento da consciência juvenil já representa uma força capaz de pressionar o regime”, avaliou.

Ele alerta, contudo, que a reação do poder político à contestação pode gerar rupturas sociais se não houver espaço para reformas. “A coesão social está em risco, num contexto de pobreza extrema e desigualdade que afeta milhões de angolanos”, frisou.

Concluindo, Paquisi sublinhou que o futuro de Angola depende de jovens preparados, éticos e comprometidos com o bem comum. “Só com valores e transparência será possível construir um país mais justo e inclusivo”, disse, acrescentando que, apesar de alguns avanços em infraestrutura, os problemas sociais continuam por resolver.

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