Luanda —A Polícia Nacional de Angola voltou a impedir, neste sábado, a realização de uma vigília em Luanda que tinha como objetivo pedir a libertação dos chamados “presos políticos”. A iniciativa, organizada pela União Nacional para a Total Revolução de Angola (UNTRA), foi novamente travada pelas autoridades, segundo relataram os ativistas.
A concentração estava prevista para as 18h, mas desde as 17h já se encontrava no local um forte dispositivo policial, com agentes e viaturas ao longo da avenida Ho Chi Minh, no centro da capital.
O ativista Bento Fernando, membro da UNTRA, afirmou à agência Lusa que o grupo foi impedido de entrar no perímetro definido para o protesto. “Fomos intimidados e avisados de que, se entrássemos, teríamos de assumir as consequências. Tentámos dialogar durante cerca de uma hora, mas a vigília acabou abortada”, relatou.
A organização afirma que a vigília havia sido comunicada previamente ao Governo da Província de Luanda e ao Comando Provincial, conforme informou o coordenador da UNTRA, Luís Antunes.
Os participantes pretendiam exigir a libertação de vários ativistas e líderes associativos detidos desde julho, entre os quais Osvaldo Caholo, Serrote José de Oliveira “General Nila” (presidente da UNTRA), André Miranda, Kiluanje Lourenço, Buka Tanda, Gonçalves Frederico “Fredy” e Soba Príncipe.
Os detidos foram acusados dos crimes de rebelião, apologia ao crime, vandalismo e terrorismo, na sequência dos protestos estudantis e da paralisação dos taxistas contra o aumento dos preços dos combustíveis.
Há uma semana, a polícia já havia interrompido outra vigília com o mesmo propósito, também em Luanda, retirando do local vários jovens que se preparavam para participar na iniciativa.
Ativistas e membros da sociedade civil consideram que estas ações representam restrições à liberdade de reunião e expressão, enquanto as autoridades sustentam que os protestos violam normas de ordem pública.

