Luanda — O professor e ex-sacerdote angolano Albino Pakisse alertou para o que considera ser um crescente domínio estrangeiro em sectores estratégicos da economia nacional, afirmando que “muitos dos que governam Angola não são verdadeiramente angolanos”. As declarações foram feitas numa entrevista concedida ao portal *O Decreto* nesta sexta-feira, 24 de outubro.
Segundo Pakisse, as principais empresas públicas e privadas estão sob forte influência de estrangeiros, enquanto os cidadãos angolanos ocupam, na maioria das vezes, cargos subalternos. “Nas grandes companhias nacionais, quem toma as decisões são estrangeiros. Na TAAG, predominam técnicos de fora; na energia e águas, os portugueses; e na Sonangol, os americanos. Isso não é normal”, frisou.
O académico defendeu a necessidade de **uma nova consciência política e patriótica**, sustentando que os verdadeiros angolanos devem investir e acreditar no desenvolvimento do país. Durante a entrevista, citou o caso do general Francisco Fortado, que se candidatou em São Tomé, como exemplo de dirigentes “desligados da realidade nacional e mais preocupados com os próprios interesses”.
Para o também ativista, a transformação política em Angola poderá ocorrer de duas formas: “pelas vias legais, através dos partidos políticos e das eleições, ou por meio de uma nova revolução”. Pakisse recordou ainda que “Angola caminha para uma nova revolução”, expressão que atribuiu ao comunicador Francisco Viana.
Questionado sobre eventuais represálias pelas suas declarações, o professor respondeu com firmeza: “Sou cristão e não tenho medo dos homens. Se me matarem, não serei o primeiro. O sangue dos mártires é a semente dos cristãos.”
Pakisse afirmou ainda que antigos dirigentes já reconheceram a validade das suas críticas feitas durante o governo de José Eduardo dos Santos. “Disseram-me: ‘Pakisse, tinhas razão’. E acredito que, entre 2028 e 2030, os atuais governantes também vão admitir que estávamos certos”, concluiu.

