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Democracia Francesa em Crise: 85% dos Cidadãos Pedem um Líder Forte e Apenas 10% Confiam nos Partidos Políticos

by Marcelino Gimbi

A França atravessa um dos períodos mais delicados da sua história democrática recente. Menos de um ano após a queda do governo de Michel Barnier, o país continua mergulhado numa profunda instabilidade política, agora sob a liderança frágil do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que tenta evitar o mesmo destino dos seus antecessores.

De acordo com o inquérito “France Fractures françaises”, realizado pelo Ipsos para o jornal Le Monde, a confiança nas instituições democráticas francesas encontra-se em níveis historicamente baixos. O estudo revela que 85% dos inquiridos defendem a necessidade de um líder forte capaz de “restaurar a ordem”, enquanto apenas 10% afirmam confiar nos partidos políticos, uma queda de quatro pontos percentuais em relação a 2024.

O levantamento mostra ainda que oito em cada dez cidadãos sentem que as suas ideias não estão representadas no atual sistema político. A crescente descrença atravessa quase todos os setores ideológicos — à exceção dos social-democratas — e reflete um desejo generalizado por maior autoridade e estabilidade.

O presidente Emmanuel Macron enfrenta uma acentuada queda de popularidade, agravada pela suspensão da reforma da segurança social, uma das bandeiras do seu segundo mandato. A decisão, tomada para preservar a frágil maioria parlamentar de Lecornu, poderá custar 13 mil milhões de euros anuais aos cofres públicos.

Lecornu conseguiu resistir a dois votos de desconfiança, graças ao apoio pontual dos socialistas, mas a sua aprovação não ultrapassa 14%. Quase metade dos franceses (43%) defende a dissolução da Assembleia Nacional, um aumento de 12 pontos em apenas um ano — posição partilhada por 64% dos eleitores de Marine Le Pen.

A erosão da confiança não se limita ao executivo. Apenas 20% dos cidadãos confiam nos parlamentares, e dois terços acreditam haver corrupção generalizada entre os funcionários públicos. Quase nove em cada dez franceses consideram que os políticos agem movidos por interesses pessoais. Os autarcas são as únicas figuras políticas a manter um nível razoável de aprovação, com 68% de confiança.

Embora dois terços da população considerem o regime democrático “insubstituível”, 80% acreditam que ele funciona mal. Entre os apoiantes de Le Pen, 52% chegam a afirmar que outros sistemas políticos poderiam ser igualmente válidos, um sinal preocupante do afastamento dos valores republicanos.

A perda de poder de compra surge como o principal problema para 36% dos entrevistados, refletindo o impacto do aumento do custo de vida. Mais da metade das famílias francesas afirma enfrentar dificuldades financeiras. A imigração é citada por 22% dos inquiridos, com destaque para os simpatizantes do Reagrupamento Nacional, onde o tema mobiliza 95% dos eleitores.

Em matéria económica, 61% dos franceses apoiam o aumento de impostos sobre os mais ricos, e 57% dos eleitores de Le Pen também se dizem favoráveis à redistribuição da riqueza — ainda que 64% defendam uma menor intervenção do Estado na economia.

O inquérito do Le Monde deixa claro: a democracia francesa está à deriva. A sociedade exige mudanças profundas, mas o sistema político parece incapaz de responder. Entre a nostalgia por uma liderança forte e a desconfiança nas instituições, a França enfrenta o desafio de reconstruir a confiança e renovar a sua vida democrática antes que o descontentamento se transforme em ruptura.

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