O jornalista Graça Campos levantou duras críticas à atual estratégia de comunicação do MPLA e à forma como está a ser conduzida a defesa da imagem do Presidente da República, João Lourenço. Em artigo recente, o veterano comunicador questiona a eficácia das estruturas envolvidas e o perfil de alguns dos rostos escolhidos para essa missão.
Segundo Campos, apesar da existência de múltiplas entidades com responsabilidade na comunicação institucional — como o Centro de Imprensa da Presidência da República (CIPRA) e o secretariado para a Informação e Propaganda do MPLA — há uma visível desorganização e sobreposição de funções. Ambas as estruturas, afirma, contam com o apoio da agência portuguesa de comunicação Cunha & Vaz, contratada por valores elevados.
No seu ponto de vista, a fragmentação da comunicação e a escolha de determinados colaboradores comprometem a credibilidade da mensagem oficial. O jornalista destaca, de forma particularmente crítica, o papel de um conhecido ex-militante da UNITA que, segundo ele, abandonou o partido não por discordância ideológica, mas por disputas internas motivadas por interesses financeiros. Hoje, este indivíduo lidera um portal encarregado da defesa da imagem presidencial, numa posição que Campos considera inusitada e incoerente.
“É incompreensível que uma figura com historial de conflitos internos, idade avançada e diversos problemas de saúde, seja agora o rosto mais visível na comunicação a favor do Presidente”, afirma. Para Campos, tal escolha revela falta de critério e põe em causa a seriedade com que a imagem do chefe de Estado é tratada.
O jornalista sugere ainda que o indivíduo em questão poderá estar motivado apenas por razões financeiras, alegando que sem os recursos ganhos nesta função, teria dificuldade até em manter os próprios cuidados médicos.
No final do artigo, Graça Campos recorda que o mesmo personagem chegou a anunciar uma ação judicial contra ele, processo que, segundo afirma, foi interposto em Portugal. O jornalista diz aguardar com expectativa um eventual confronto em tribunal, lamentando apenas que não tenha ocorrido em Angola, onde, nas suas palavras, a resposta ao “mercenarismo” seria mais incisiva.
Ao levantar a pergunta “O que se passa com o MPLA?”, Campos não apenas critica a atual gestão da comunicação partidária e institucional, mas também lança um alerta sobre os riscos da banalização da função pública de comunicação e da excessiva personalização do discurso político em torno do Presidente.