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UN ITA lança críticas ao Governo Angolano: Festa no Estádio, crise no País

by REDAÇÃO

 Enquanto Angola enfrenta desafios profundos nas áreas da saúde, educação e bem-estar social, o Governo prepara uma partida de futebol milionária entre a seleção nacional e a campeã mundial Argentina. A iniciativa, embora envolta em simbolismo para comemorar os 50 anos da independência do país, está sendo duramente criticada por setores da oposição e da sociedade civil.

A UNITA, principal partido da oposição em Angola, veio a público denunciar o que considera um gasto injustificável por parte do Executivo: cerca de 17,7 milhões de euros estariam sendo canalizados para a realização do amistoso internacional, em Luanda, no Estádio 11 de Novembro. O objetivo, segundo a deputada Albertina Ngolo, seria “distrair o povo” num momento em que o país enfrenta uma das suas piores crises sociais e econômicas.

“Enquanto se organizam festividades milionárias, milhares de crianças angolanas morrem de fome, de doenças evitáveis e por falta de saneamento básico”, afirmou Ngolo durante uma declaração política no Parlamento.

Além da crítica aos gastos excessivos, a parlamentar destacou o cenário alarmante vivido por grande parte da população. Doenças como cólera, malária e desnutrição são responsáveis por centenas de mortes, muitas delas infantis. Os números são trágicos: a taxa de mortalidade infantil supera os 56%, enquanto os partos prematuros e a ausência de cuidados médicos adequados agravam ainda mais a situação.

Ngolo aponta também a elevada mortalidade entre os adultos, vítimas de hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer — problemas agravados por um sistema de saúde debilitado e subfinanciado.

A crítica da UNITA vai além da saúde pública. A economia angolana, segundo a deputada, permanece excessivamente dependente do petróleo e apresenta sinais claros de estagnação. Isso resulta em uma instabilidade macroeconômica, crescimento lento e aumento das desigualdades sociais.

De acordo com Albertina Ngolo, o Governo está com pagamentos em atraso desde maio de 2024, afetando hospitais, escolas e outras instituições essenciais. “Milhões são desviados para eventos, enquanto fornecedores não recebem, e serviços básicos estão à beira do colapso”, reforçou.

Uma das principais bandeiras da oposição é a descentralização político-administrativa. Para a UNITA, somente por meio da efetivação das autarquias locais será possível garantir uma gestão mais próxima das necessidades reais da população. Ngolo destacou que a centralização de poder tem sido um entrave para o desenvolvimento, favorecendo uma elite ligada ao partido no poder e excluindo grande parte da sociedade das decisões públicas.

“Descentralizar não é apenas desconcentrar. É permitir que o povo administre seus próprios destinos”, afirmou. Na visão da deputada, autarquias locais representariam uma verdadeira transformação democrática, rompendo com o modelo atual de domínio do partido-Estado.

O contraste entre a preparação de uma partida internacional de luxo e a dura realidade de milhões de angolanos expõe, segundo a UNITA, uma desconexão grave entre o Governo e o povo. Os críticos veem no evento não um motivo de celebração nacional, mas uma tentativa de encobrir uma crise que se aprofunda a cada dia.

A pergunta que fica é: vale a pena investir milhões em um espetáculo de 90 minutos enquanto o país enfrenta uma emergência social?

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