O que era para ser um dia de celebração acabou por se transformar num pesadelo para um adepto do Sporting. Um jovem de 28 anos ficou cego do olho esquerdo após ser atingido por uma munição de borracha durante os festejos do clube, no passado sábado, em Lisboa.
Milhares de sportinguistas saíram às ruas para acompanhar o cortejo do autocarro da equipa campeã, que fazia o percurso entre o Estádio José Alvalade e o Marquês de Pombal. No entanto, o ambiente festivo foi interrompido por um momento de tensão entre elementos das forças de segurança e adeptos.
De acordo com informações iniciais, o disparo partiu de um agente do Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP). O tiro com munição não letal, mais concretamente um bago de borracha, atingiu o jovem no rosto, provocando danos irreversíveis na sua visão.
Face à gravidade do incidente, o diretor nacional da PSP, superintendente-chefe Luís Carrilho, ordenou a abertura imediata de um inquérito interno para apurar as circunstâncias do disparo e a atuação dos agentes envolvidos.
A versão preliminar das autoridades refere que o uso de balas de borracha teria sido uma resposta ao uso de material pirotécnico por parte de alguns adeptos durante o evento.
O caso já gerou forte comoção nas redes sociais e reações por parte de figuras públicas e de organizações ligadas aos direitos humanos, que exigem uma investigação rigorosa e a responsabilização dos envolvidos, caso se confirme um uso desproporcional da força.
O jovem ferido foi imediatamente assistido e transportado para uma unidade hospitalar, mas, infelizmente, os danos no olho esquerdo foram considerados irreversíveis pelos médicos.
Este episódio volta a colocar em debate a atuação das forças de segurança em eventos públicos de grande escala, especialmente quando envolvem celebrações populares e desportivas.
Apesar dos desafios de manter a ordem num cenário com milhares de pessoas, muitos questionam se o uso de munições não letais em áreas densamente povoadas está de facto alinhado com os protocolos de segurança e com os princípios do uso proporcional da força.
A investigação agora em curso será determinante para esclarecer os factos e evitar que episódios como este se repitam. A expectativa da sociedade é clara: que haja transparência, justiça e responsabilidade, tanto para com a vítima como para com o exercício da autoridade pública.