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União Europeia propõe nova estratégia diplomática para pressionar cessar-fogo na Ucrânia

by REDAÇÃO

A guerra na Ucrânia continua a preocupar os líderes europeus, e uma nova iniciativa diplomática ganha força entre os países da União Europeia. Numa carta conjunta, liderada pela Áustria e assinada por outros 14 Estados-Membros, a UE é instada a reforçar o diálogo com países que mantêm relações próximas com a Rússia — numa tentativa de influenciar Moscovo a aceitar um cessar-fogo imediato e incondicional de 30 dias.

Essa proposta surge após o fracasso das últimas negociações diretas entre representantes ucranianos e russos. Os signatários defendem que este é o momento de renovar os esforços diplomáticos com parceiros globais e, assim, aumentar a pressão sobre o Kremlin.

O documento, enviado à Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, antes de uma reunião de ministros europeus, não menciona países específicos. No entanto, faz referência à importância de dialogar com nações que mantêm relações fortes com Moscovo. O objetivo é simples: mobilizar uma coligação internacional ampla que apoie o fim imediato do conflito.

“Chegou a hora de agir para acabar com o derramamento de sangue na Ucrânia”, alertam os autores da carta. Eles destacam que essas nações, apesar das ligações com a Rússia, podem desempenhar um papel fundamental ao exercer pressão diplomática eficaz.

Entre os países que apoiaram a iniciativa estão Alemanha, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos e Suécia.

Embora não tenham sido mencionados diretamente, os BRICS — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — são considerados alvos naturais desta abordagem. Muitos dos seus membros têm evitado alinhar-se com as sanções ocidentais contra a Rússia, preferindo manter relações comerciais e diplomáticas neutras ou até favoráveis ao Kremlin.

Nos últimos meses, líderes como Xi Jinping (China), Lula da Silva (Brasil) e Abdel Fattah el-Sisi (Egito) estiveram presentes em eventos oficiais na Rússia, o que foi visto por Bruxelas como apoio tácito à campanha militar russa.

Além disso, a China tem sido apontada como o principal fornecedor de bens de dupla utilização à Rússia — materiais que podem ter fins civis e militares — o que reforça a percepção de que Pequim sustenta, direta ou indiretamente, o esforço de guerra russo.

Enquanto novas sanções contra Moscovo estão sobre a mesa, a UE parece adotar uma abordagem mais pragmática. Bruxelas tem intensificado relações com países da órbita russa, buscando pontos de convergência económica e diplomática. É o caso do recente acordo comercial com o Mercosul e das negociações em andamento com Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.

Essa reaproximação também se reflete em eventos como a cimeira com a África do Sul e conversações com nações da Ásia Central, sinalizando uma tentativa de construir pontes que isolem progressivamente a Rússia no cenário global.

Com o agravamento da guerra e as políticas protecionistas dos EUA — em especial as tarifas comerciais de Donald Trump — a Europa vê-se compelida a diversificar os seus parceiros comerciais e estratégicos. Neste contexto, até o reinício das relações com a China volta a ser considerado, apesar da parceria “sem limites” entre Pequim e Moscovo.

A carta dos 15 países da UE não oferece uma solução imediata, mas marca uma mudança clara na estratégia europeia: apostar numa diplomacia mais abrangente, que reconhece a influência de atores externos ao bloco e tenta trazê-los para uma frente comum pela paz.

A mensagem é clara: para alcançar o cessar-fogo na Ucrânia, será necessário um esforço coordenado que vá além das fronteiras europeias.

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