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Super Domingo nas Eleições Europeias expõe o declínio da Centro-Esquerda

by REDAÇÃO

As eleições realizadas neste “Super Domingo” em vários países europeus, incluindo Roménia, Polónia e Portugal, deixaram um sinal claro: os partidos de centro-esquerda continuam a perder força entre o eleitorado, mesmo em tempos de intensas preocupações sociais.

Na Roménia, Nicușor Dan, atual presidente da Câmara de Bucareste e defensor da integração europeia, conquistou uma vitória expressiva nas presidenciais, derrotando George Simion, candidato de extrema-direita com discurso nacionalista. Com 53,6% dos votos, Dan prometeu manter o país alinhado com os valores da União Europeia e reforçar o apoio à Ucrânia — uma mensagem bem recebida pelos líderes europeus.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, parabenizou Dan e reforçou o apoio a uma “Roménia aberta e próspera”. Já António Costa, presidente do Conselho da UE, interpretou o resultado como um sinal do compromisso do povo romeno com o projeto europeu.

Apesar disso, quase metade do eleitorado votou em Simion, evidenciando que há uma fratura no consenso europeu, especialmente em países onde o euroceticismo e o descontentamento social ganham terreno.

Em Portugal, a coligação de centro-direita AD venceu as eleições legislativas antecipadas, embora sem maioria absoluta. O destaque, no entanto, foi o crescimento do Chega, que conquistou um resultado histórico. O Partido Socialista, principal força da esquerda, perdeu 20 assentos parlamentares, provocando a demissão de Pedro Nuno Santos da liderança do partido.

Na Polónia, o cenário seguiu um padrão semelhante: o liberal pró-europeu Rafał Trzaskowski venceu a primeira volta das presidenciais, superando o conservador Karol Nawrocki. Nenhum candidato de esquerda chegou ao segundo turno, marcado para 1 de junho.

Segundo Jean-Michel De Waele, cientista político da Universidade Livre de Bruxelas, os partidos de centro-esquerda enfrentam uma grave crise de identidade. Em entrevista à Euronews, ele destacou a desconexão com as bases tradicionais e a falta de um projeto claro como fatores que explicam o declínio da esquerda em vários países.

De Waele observou, por exemplo, que regiões portuguesas antes dominadas pela esquerda agora mostram apoio crescente à extrema-direita. “Os partidos tradicionais da esquerda não oferecem uma visão clara nem políticas mobilizadoras. Perderam o contacto com o eleitorado e não sabem como recuperar”, explicou.

Para o especialista, o problema não está apenas nas ideias, mas também na liderança: “Hoje, ser de esquerda parece motivo de vergonha. Falta orgulho, falta narrativa, falta ambição política.”

A ascensão de figuras populistas, segundo De Waele, está diretamente ligada à promessa de ação concreta. “Os líderes que se posicionam de forma clara e dizem ‘vou fazer algo por vocês’ conseguem mobilizar. A esquerda e o centro parecem paralisados, sem coragem para assumir posições firmes.”

A conclusão é clara: os cidadãos exigem soluções tangíveis para os seus problemas e sentem que os partidos moderados já não estão à altura desse desafio.

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