Segundo comunicado da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), o executivo está empenhado em devolver a normalidade à reserva, considerada uma das mais importantes áreas de conservação da África Austral. O secretário de Estado da Terra e Ambiente, Gustavo Sobrinho Dgedge, afirmou que o objetivo é permitir o retorno das atividades como a caça desportiva legalizada, que gera benefícios fiscais e lucros para operadores locais.
“Estamos a trabalhar para garantir que a segurança seja restabelecida o mais breve possível. A paz é essencial para o funcionamento sustentável da Reserva do Niassa”, declarou Dgedge.
Os episódios de violência mais recentes aconteceram nos dias 24 e 29 de abril, sendo o segundo particularmente preocupante. Na ocasião, o acampamento de Mariri, um conhecido ponto de caça desportiva com mais de 42 mil km² distribuídos por oito distritos, foi invadido por homens armados. O Estado Islâmico chegou a reivindicar a autoria de um dos ataques, alegando três mortes, enquanto fontes locais confirmaram dois mortos e dois desaparecidos.
A escalada da violência obrigou centenas de famílias a fugir das suas casas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 2.100 pessoas foram deslocadas dos distritos de Macalange e Mbamba. A fuga em massa reflete a insegurança crescente que assola a província do Niassa e, por extensão, outras áreas do norte do país.
Durante visita a um fiscal ferido nos ataques, o secretário de Estado reforçou o apelo à coragem dos agentes no terreno e pediu “prontidão e espírito combativo” para proteger a fauna e flora da reserva. A presença militar está sendo reforçada e novas estratégias devem ser definidas em encontros com operadores que atuam na região.
A província vizinha de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada desde 2017, e os reflexos desse conflito vêm sendo sentidos em áreas adjacentes, como Niassa. Somente em 2024, mais de 340 pessoas perderam a vida em ataques atribuídos a grupos extremistas islâmicos, um aumento expressivo em relação ao ano anterior.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, destacou que as FDS estão “a atingir os seus objetivos” na resposta aos grupos armados e reafirmou o compromisso do governo em garantir a segurança e a soberania do país.
A situação no Niassa revela a complexidade da luta contra insurgências em áreas protegidas e a necessidade de equilíbrio entre segurança, preservação ambiental e direitos humanos. O comprometimento do governo com a estabilização da região é um passo importante, mas a crise humanitária e o risco à biodiversidade exigem ação contínua e integrada.
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