O Presidente de Angola, João Lourenço, expressou otimismo em relação ao encerramento do conturbado período pós-eleitoral em Moçambique, destacando que este momento marca o fim de uma “nuvem negra” que pairava sobre o país irmão. Em suas palavras, o líder angolano manifestou esperança de que, superada esta fase, Moçambique possa canalizar todos os seus esforços para o crescimento económico e social.
As declarações foram feitas em Luanda, durante a visita oficial do Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que culminou na assinatura de cinco acordos de cooperação entre os dois países. Os documentos abrangem setores estratégicos como transportes, cultura, ação social e turismo, e deverão ser acompanhados de perto por um Comité Técnico para garantir a sua implementação eficaz.
João Lourenço reforçou o compromisso com a concretização desses entendimentos:
“Não basta assinar. Precisamos tirar do papel e tornar realidade aquilo que acordámos. Só assim conseguiremos avançar juntos”, destacou.
Durante a conferência conjunta com o seu homólogo moçambicano, o chefe de Estado angolano aproveitou para fazer uma retrospectiva histórica das relações entre os dois países. Ressaltou os desafios comuns enfrentados por Angola e Moçambique, desde a luta pela independência até os longos períodos de instabilidade. Para ele, a celebração dos 50 anos de independência em 2025 deve ser motivo de festa conjunta, pois representa a vitória conquistada com “muito suor e sangue dos melhores filhos” de ambas as nações.
Lourenço também lembrou que, após os conflitos armados, os países enfrentaram tentativas de desestabilização por parte de antigos opositores, especialmente no período pós-1975. No entanto, celebrou os 23 anos consecutivos de paz que Angola tem vivido, reforçando que agora a prioridade deve ser a “luta pelo desenvolvimento económico e social”.
Ao comentar os desafios mais recentes de Moçambique, como os ataques terroristas em Cabo Delgado, João Lourenço manifestou solidariedade e destacou o apoio contínuo da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). Ele também demonstrou esperança de que o país supere as dificuldades causadas pelo pós-eleitoral recente:
“Desejamos que essa fase tenha ficado para trás e que Moçambique concentre suas energias naquilo que realmente importa: o progresso económico”, frisou.
A visita de Daniel Chapo a Angola, que se estende por dois dias, tem como principal objetivo estreitar os laços de amizade e cooperação entre os dois países. Entre as atividades previstas, o Presidente moçambicano realizará uma visita à Zona Económica Especial, onde deverá explorar oportunidades de investimento e negócios. A agenda inclui ainda um jantar de gala promovido pela Associação Angolana de Bancos (ABANC), em sua homenagem.
A troca de compromissos e gestos de apoio entre os dois chefes de Estado evidencia a solidez da relação entre Angola e Moçambique, baseada na história partilhada e na visão comum de um futuro de prosperidade regional.