O cenário político moçambicano voltou a ser abalado por um ato de violência com fortes repercussões nacionais. Joel Amaral, conhecido no meio artístico como MC Trufafa, foi baleado este domingo em Quelimane, na província da Zambézia. O músico, que também é uma figura ativa no apoio à oposição, é um dos mobilizadores mais próximos do político Venâncio Mondlane.
O incidente ocorreu no bairro Cualane 2.º e foi rapidamente classificado como um ato de intolerância política. Trufafa foi alvejado por indivíduos não identificados, tendo sido atingido por três tiros — dois nos membros inferiores e um na cabeça. Apesar da gravidade do ataque, Mondlane informou que o músico encontra-se em estado estável, recebendo cuidados médicos num hospital local.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, manifestou-se com preocupação sobre o ocorrido, considerando o atentado contra Joel Amaral como uma “afronta à democracia” e um ataque direto aos princípios do Estado de direito.
“Este ato de violência gratuita não é apenas um ataque contra um cidadão que contribui com o seu saber e dedicação ao nosso país, mas também uma afronta à democracia”, destacou Chapo em comunicado oficial, apelando a uma investigação completa e célere.
O chefe de Estado reforçou que não pode haver espaço para o medo em Moçambique e sublinhou a necessidade de fazer valer a lei, garantindo que os culpados sejam responsabilizados.
Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial e líder da oposição, reagiu com indignação, afirmando tratar-se de mais um episódio de repressão contra os que defendem ideias diferentes do governo. Segundo ele, este ataque não é um caso isolado, mas parte de um padrão de violência política.
“Não restam dúvidas de que este ato covarde é um claro exemplo de intolerância política. É inaceitável que a violência e a perseguição se tornem parte da realidade de qualquer moçambicano”, disse Mondlane nas redes sociais.
Ele relembrou ainda o assassinato de dois membros da sua equipa de campanha — o advogado Elvino Dias e Paulo Cuambe, mandatário do partido Podemos — emboscados e mortos a tiros após as eleições gerais de 2024, num caso ainda sem resolução.
Em meio ao clima de tensão, Mondlane fez um apelo à união dos moçambicanos contra a violência e a opressão. Para ele, a celebração dos 50 anos da independência nacional não pode coexistir com episódios de perseguição política.
“É hora de nos unirmos contra o medo, contra a opressão. Moçambique precisa ser um país onde todos possam viver com segurança e dignidade”, declarou.
Enquanto o país aguarda por respostas, cresce a pressão sobre as autoridades para que se esclareçam os crimes e se ponha fim à escalada de violência que ameaça a estabilidade democrática em Moçambique.