As ruas de Benguela voltaram a ser palco de reivindicações neste sábado, 12 de abril. Centenas de jovens manifestaram-se nos arredores do Aeroporto 17 de Setembro, empunhando cartazes e entoando palavras de ordem contra o aumento do preço dos combustíveis, a escalada do desemprego e a crescente insegurança alimentar que assola inúmeras famílias angolanas.
O protesto, pacífico mas carregado de indignação, teve como alvo principal as políticas do Governo liderado pelo MPLA, que os manifestantes acusam de estar “desconectado da realidade do povo”.
“Estamos a viver um sufoco. É difícil encontrar trabalho, os preços sobem todos os dias e as famílias estão a passar fome”, afirmou Isabel Ombaka, uma das vozes mais ativas do movimento.
Isabel, que integra a comissão organizadora do protesto, não poupou críticas ao Executivo, denunciando o que considera ser uma liderança distante e insensível. Para ela, o atual preço do gasóleo, situado nos 300 kwanzas por litro, é um exemplo claro de um governo que “não compreende a realidade do cidadão comum”. Nas suas palavras, “a situação tornou-se insustentável”.
O apelo da jovem estendeu-se também às autoridades policiais, pedindo que estas garantam o direito à manifestação de forma ordeira e respeitosa. “A polícia deve proteger os cidadãos, não intimidá-los”, sublinhou, reforçando a importância da liberdade de expressão num contexto democrático.
Com palavras de coragem e resistência, Isabel deixou ainda um recado aos que, segundo ela, permanecem calados diante das dificuldades:
“Angola é de todos nós. O silêncio só prolonga o sofrimento. Precisamos de agir agora, juntos.”
Embora a presença das forças de segurança tenha sido notória durante todo o protesto, a manifestação decorreu sem relatos de confrontos ou detenções até ao encerramento desta reportagem.
O cenário vivido em Benguela é mais um reflexo das crescentes tensões sociais em Angola, onde a juventude começa a levantar a voz com mais intensidade, exigindo respostas concretas para os desafios que enfrentam diariamente: fome, desemprego e o aumento contínuo do custo de vida.