Cerca de 8.000 apoiantes de Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), reuniram-se em Paris para expressar seu apoio à política e à liderança da ex-candidata presidencial. O evento aconteceu na Place Vauban, perto do Hôtel des Invalides, e teve como objetivo protestar contra a condenação de Le Pen por desvio de fundos, além de uma proibição que a impede de se candidatar às próximas eleições durante cinco anos.
Em um discurso carregado de emoção, Le Pen afirmou que não desistiria, apesar da recente condenação. “Não vou desistir”, declarou aos seus seguidores, que a aplaudiram em apoio. A líder política aproveitou para agradecer aos manifestantes, destacando o seu amor pelo povo e pela nação francesa. “É-me impossível esconder a minha emoção ao ver-vos aqui, ao nosso lado, em todos os nossos departamentos. Obrigado por estarem aqui para defender aquilo que esta decisão espezinhou: o meu povo, o meu país e a minha honra”, disse Le Pen, visivelmente emocionada.
A condenação que resultou na proibição de Le Pen se candidatar nas próximas eleições foi fortemente criticada pela líder, que a considerou uma decisão política injusta. “Agora, vou ser eliminada da vida democrática, em nome de uma pretensa perturbação da ordem pública democrática, um conceito pura e simplesmente inventado para a ocasião”, afirmou. Ela continuou dizendo que a sentença desrespeitava o Estado de direito e a democracia, e prometeu lutar contra a decisão até o fim.
Enquanto os apoiantes de Marine Le Pen se reuniam na Place Vauban, a esquerda organizou uma contramanifestação na Place de la République, denunciando o que consideram uma “viragem trumpista” do Rassemblement National. Os manifestantes de esquerda condenaram as políticas e atitudes do partido de Le Pen, e a sua crescente popularidade foi vista como uma ameaça ao Estado de direito na França.
Além disso, o partido centrista Renaissance, de Gabriel Attal, também organizou uma manifestação em Saint-Denis, alertando sobre o risco que a ascensão de figuras como Le Pen representa para a democracia. A decisão judicial que condenou Le Pen teve repercussões não apenas na França, mas também em círculos de extrema-direita por toda a Europa, gerando discussões sobre os impactos das políticas populistas.
Apesar da condenação judicial, as sondagens indicam que o Rassemblement National continua a ser uma força significativa na política francesa. Mesmo com a possibilidade de Jordan Bardella, um dos protegidos de Le Pen, assumir como candidato presidencial em 2027, tanto Le Pen quanto Bardella aparecem à frente nas intenções de voto, segundo uma pesquisa recente. Em todas as simulações de confronto nas eleições presidenciais, ambos são considerados favoritos, com Le Pen recebendo entre 32% e 36% das intenções de voto e Bardella ficando entre 31% e 35,5%.
Jordan Bardella, que é o presidente do Rassemblement National e um aliado próximo de Le Pen, também participou do evento, condenando a decisão judicial como um “ataque direto à democracia”. Para Bardella, a sentença contra Le Pen representa um prejuízo para milhões de franceses patriotas e uma tentativa de silenciar uma voz importante. “Queriam apagar uma voz, mas acordaram o povo francês”, afirmou ele, destacando a presença massiva de apoiantes na manifestação.
Antes do início da manifestação, o evento foi interrompido por um protesto das Femen, um grupo feminista radical que pedia a inelegibilidade permanente de Marine Le Pen. O protesto foi rapidamente dispersado pela segurança do RN, sem maiores incidentes. A maioria dos manifestantes presentes na Place Vauban provinha da região parisiense e dos subúrbios, com alguns autocarros vindo de Hénin-Beaumont, um dos principais bastiões do Rassemblement National no norte da França.
A manifestação de apoio a Marine Le Pen em Paris no último domingo demonstrou a força e a resiliência de sua base de apoio, que continua a vê-la como uma líder política essencial. Apesar das adversidades legais e políticas, Le Pen e o Rassemblement National continuam a desempenhar um papel significativo no cenário político francês, com intenções de voto que permanecem altas, seja para ela ou para o seu sucessor, Jordan Bardella. A tensão política no país segue crescente, com manifestações de ambos os lados e um clima de polarização acentuado. A decisão judicial, embora adversa, não parece ter enfraquecido o movimento de Le Pen, que promete continuar sua luta pela política francesa.