No domingo, a cidade ucraniana de Bucha foi palco de um evento solene para marcar o terceiro aniversário da libertação da cidade da ocupação russa, ocorrida em março de 2022. A cidade, que se tornou um símbolo das atrocidades da guerra, reuniu moradores, familiares e amigos dos soldados mortos, para uma cerimônia de homenagem.
O evento ocorreu no cemitério local, onde flores foram colocadas nas campas e velas acesas em memória dos que perderam a vida, incluindo os corajosos soldados que defendiam Bucha nos primeiros dias da invasão russa. Mykola Kalashnyk, líder da Administração Militar Regional de Kiev, esteve presente e fez um discurso emocionante, relembrando as atrocidades cometidas pelas forças russas durante o breve período de ocupação.
Em apenas 33 dias de ocupação, mais de 561 civis foram mortos, e a cidade de Bucha se tornou um dos maiores marcos das brutalidades da guerra, com a descoberta de valas comuns e a documentação de crimes de guerra depois que as tropas ucranianas reconquistaram o território em março de 2022. A cidade foi, assim, marcada não só pela dor, mas pela força da resistência ucraniana e pela lembrança do preço da liberdade.
No entanto, este aniversário não foi apenas um momento de recordação, mas também de reflexão sobre os desafios atuais. Muitos ucranianos expressaram desagrado sobre o andamento das negociações de cessar-fogo com a Rússia. Especialistas militares e políticos ucranianos alertam para uma nova ofensiva russa nas próximas semanas, à medida que Moscovo tenta aumentar a pressão sobre Kiev e melhorar sua posição nas conversações de paz.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, acusou a Rússia de prolongar as negociações de cessar-fogo como uma estratégia para ganhar tempo e continuar avançando no território ucraniano. Durante a cerimônia em Bucha, um soldado presente, Ihor Lvutin, expressou claramente sua oposição a qualquer concessão nas negociações com a Rússia. Para ele, os soldados mortos lutaram pela Ucrânia, e ceder territórios seria um desrespeito à Constituição do país.
“Enterrei tantos homens, os meus combatentes. Para que é que eles lutaram? Para ceder estes territórios? Está escrito na nossa Constituição que este é o nosso território”, disse Ihor, destacando a firmeza e o compromisso com a soberania ucraniana. “É suposto desonrarmos a nossa Constituição? E dar tudo isto ao inimigo? Por isso digo que não. De modo algum”, afirmou, deixando claro que, para ele, a luta pela integridade territorial da Ucrânia é inegociável.
Assim, enquanto Bucha se lembra da dor e do sofrimento, o espírito de resistência e a determinação em proteger o país continuam a ser os pilares da luta ucraniana, em meio a um cenário político e militar ainda tenso e incerto.