Em uma reunião recente realizada em Quebec, no Canadá, os ministros dos Negócios Estrangeiros das sete maiores economias democráticas do mundo, conhecidos como G7, emitiram uma condenação enfática contra o Ruanda e o grupo rebelde M23, acusados de violar os direitos humanos e o direito internacional humanitário na República Democrática do Congo (RDC).
Em um comunicado publicado após a reunião, o G7 criticou a “ofensiva do M23, apoiada pelo Ruanda”, no leste da RDC, destacando os impactos devastadores dessa ação, incluindo violência, deslocamento forçado de populações e graves violações dos direitos humanos. A declaração reflete a crescente preocupação internacional com a crise no Congo, que já resultou em uma grave crise humanitária.
Os ministros também reafirmaram que a ofensiva do M23 representa um “flagrante desrespeito pela integridade territorial da República Democrática do Congo”. O G7 exigiu que tanto o M23 quanto as Forças de Defesa do Ruanda (RDF) se retirem imediatamente de todas as áreas sob seu controle.
A declaração veio em resposta à negação do governo de Kigali de qualquer envolvimento direto no conflito. No entanto, para os ministros do G7, a evidência de apoio do Ruanda ao M23 é clara, e as consequências das ações do grupo são inegáveis. O G7 reiterou o apelo para que todas as partes envolvidas no conflito contribuam para uma solução pacífica e negociada, com destaque para a necessidade de uma participação significativa de mulheres e jovens nas discussões.
Outro ponto importante do comunicado foi a menção às Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo militante hutu acusado de estar envolvido em ações violentas na RDC. O Ruanda vê as FDLR como uma ameaça, já que muitos de seus membros foram acusados de participar do genocídio de 1994 contra os tutsis. O G7 pediu responsabilidade por todos os abusos dos direitos humanos cometidos por grupos armados, incluindo o M23 e as FDLR, e a promoção da responsabilização pelos crimes cometidos.
Apesar das tensões, o G7 também destacou a importância da mediação regional para a resolução do conflito. Os ministros apoiaram os esforços da Comunidade da África Oriental (EAC) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que estão liderando o processo de mediação entre o governo da RDC e o M23. O G7 apelou para que todas as partes envolvidas apoiassem essas iniciativas de mediação, contribuindo para uma solução pacífica e duradoura.
O comunicado do G7 surge poucos dias antes do aguardado encontro em Luanda, que marcará o primeiro diálogo direto entre representantes do governo congolês e o M23. O governo de Kinshasa, que até agora havia se recusado a negociar diretamente com o M23, tem sido cauteloso, considerando o grupo como uma entidade amplamente controlada por Ruanda. O encontro em Luanda será um teste crucial para o futuro das negociações e para a busca por uma solução para a crise no leste da RDC.
Além da RDC, os ministros do G7 também abordaram a situação no Sudão, onde o país enfrenta uma crise humanitária devastadora devido aos combates em curso. O G7 condenou as atrocidades, incluindo a violência sexual contra mulheres e meninas, que têm agravado a situação, tornando o Sudão a maior crise humanitária do mundo no momento.
Os ministros exigiram que as partes em conflito no Sudão cessassem as hostilidades, protegessem os civis e garantissem o acesso humanitário irrestrito. O G7 também instou os intervenientes externos a cessarem o apoio a grupos que alimentam o conflito, ressaltando a importância de uma resolução pacífica e urgente para a crise sudanesa.
O G7 deixou claro que a resolução dos conflitos em ambos os países, a RDC e o Sudão, passa por um compromisso com o diálogo e pela proteção dos direitos humanos. A pressão internacional agora recai sobre os governos e grupos envolvidos, com o mundo observando atentamente os próximos passos para garantir que a paz prevaleça, especialmente em uma região já marcada por desafios humanitários profundos e complexos.
Enquanto o G7 continua a se posicionar contra a violência e a favor de uma solução diplomática, a situação na RDC e no Sudão permanece volátil. A comunidade internacional, incluindo organizações regionais e globais, seguirá monitorando de perto os desdobramentos desses conflitos, na esperança de que se possa alcançar uma paz duradoura para as populações afetadas.