As autoridades angolanas foram recentemente orientadas a acelerar a investigação sobre possíveis irregularidades cometidas durante o período em que Eugénio César Laborinho ocupou o cargo de Ministro do Interior. A ordem visa garantir que o processo avance com agilidade, buscando esclarecer os acontecimentos ligados à sua gestão à frente do Ministério, antes de sua saída em outubro de 2024, quando foi substituído por Manuel Gomes da Conceição Homem.
Durante o tempo em que ocupou o cargo, Eugénio César Laborinho esteve envolvido em uma série de polêmicas, inicialmente associadas ao contrabando de combustível. No entanto, à medida que as investigações avançaram, surgiram novas acusações relacionadas a abusos no Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), especialmente no que diz respeito a contratações irregulares de funcionários. Tais práticas resultaram em uma série de afastamentos e detenções, incluindo de membros do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do próprio SME, logo após sua substituição no ministério.
As investigações têm ganhado novos contornos com o surgimento de declarações de detidos que implicam diretamente o ex-ministro. A liderança das investigações está sob a responsabilidade do atual Ministro do Interior, Manuel Gomes da Conceição Homem, que vem coordenando os esforços para identificar as eventuais irregularidades.
Entretanto, nas últimas semanas, surgiram informações de que o ritmo das investigações no SME foi suavizado após o descobrimento de que alguns pedidos de emprego para a instituição estavam sendo feitos por membros do regime. Fontes revelam que o gabinete da Vice-Presidente Esperança Costa teria solicitado a contratação de aproximadamente 150 pessoas para o SME. Além disso, outros pedidos semelhantes vieram de setores ligados ao MPLA, incluindo a antiga vice-presidência e o Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), com o intuito de nomear quadros em comissão de serviço.
Até o momento de sua remoção do cargo, Eugénio César Laborinho era considerado um dos colaboradores mais leais do Presidente João Lourenço, com quem compartilhou uma amizade de longa data, que remonta a cerca de 30 anos. A proximidade entre ambos ia além da política, estendendo-se a interesses empresariais, particularmente em negócios relacionados ao setor minerário. Com isso, surge a questão de saber se as investigações também irão explorar eventuais vínculos empresariais entre o ex-ministro e o Presidente, o que ainda não está claro.
De acordo com informações obtidas pela nossa redação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu instruções para acelerar as investigações sobre Eugénio César Laborinho. O objetivo é reunir provas nos próximos três meses que possam comprometer o ex-ministro. A PGR foi orientada a tratar o caso com máxima urgência, com a intenção de esclarecer todas as alegações o mais rápido possível.
As próximas semanas serão decisivas para o desenrolar deste caso, que promete trazer à tona novos detalhes sobre a gestão do ex-ministro e a sua relação com o atual governo. A expectativa é que as investigações possam responder às dúvidas que cercam sua administração e esclarecer o papel de figuras-chave no processo de contratação e nos negócios envolvendo o setor público.