Na última quinta-feira, em Bruxelas, os líderes da União Europeia se reuniram para uma cimeira extraordinária, na qual aprovaram novos planos focados em aumentar os gastos com a defesa, uma medida que visa liberar bilhões de euros para reforçar a segurança do continente europeu. A reunião contou com a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e teve como pano de fundo a necessidade urgente de fortalecer a defesa europeia, especialmente após declarações da administração Trump, que indicaram que a Europa precisaria assumir maior responsabilidade pela sua própria segurança no futuro.
Durante a cimeira, os 27 países da União Europeia aprovaram uma proposta para flexibilizar as restrições orçamentárias, permitindo que as nações da UE que desejarem possam aumentar suas despesas militares. Além disso, os líderes europeus pediram à Comissão Europeia que explore novas formas de facilitar investimentos significativos na defesa a nível nacional, com o objetivo de fortalecer as capacidades militares de todos os Estados-membros.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou uma proposta ambiciosa na terça-feira anterior à cimeira. Ela sugeriu o “Plano Rearmar a Europa”, um projeto que poderia mobilizar até 800 bilhões de euros para financiar um aumento significativo nos gastos com a defesa. De acordo com Von der Leyen, a Europa está entrando em uma era de rearmamento, respondendo tanto à urgência de apoiar a Ucrânia a curto prazo quanto à necessidade de garantir uma maior responsabilidade pela segurança europeia a longo prazo.
O plano de Von der Leyen inclui medidas detalhadas em uma carta enviada aos líderes da UE, com destaque para um novo mecanismo que permitirá empréstimos de até 150 bilhões de euros aos países membros para investir em capacidades de defesa pan-europeias. Isso inclui áreas como defesa aérea, sistemas antimísseis, artilharia, drones e sistemas anti-drones, além de mísseis e munições.
Embora os líderes da UE tenham demonstrado unidade quanto ao aumento das despesas com a defesa, não houve consenso sobre uma declaração conjunta em apoio à Ucrânia. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, se opôs a uma declaração que condenava a postura amigável do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em relação a Moscovo, e que reforçava a necessidade de negociar com a Ucrânia para garantir um futuro pacífico.
A declaração, que foi aprovada por 26 dos 27 líderes presentes, destacava que qualquer negociação sobre o futuro da Ucrânia não poderia ser realizada sem a presença de Kiev. Essa posição visava responder ao que foi visto como uma tentativa de Trump de negociar com a Rússia, excluindo os líderes europeus das discussões sobre a guerra.
A cimeira em Bruxelas também foi marcada por um importante encontro entre os líderes europeus e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy. Durante uma conversa de aproximadamente uma hora e meia, discutiram-se temas cruciais para o futuro da Ucrânia, como a entrega de sistemas de defesa aérea, o fornecimento de armas e munições, o apoio à indústria de defesa ucraniana e as sanções contra a Rússia. Além disso, o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia foi abordado, com Zelenskyy compartilhando suas expectativas para um acordo de paz justo e duradouro.
Zelenskyy expressou sua gratidão pelo apoio contínuo da União Europeia à sua nação e enfatizou a importância de uma abordagem colaborativa e unificada para garantir a segurança e a estabilidade na região. Para ele, a ajuda militar e o apoio diplomático da Europa são essenciais para a resistência da Ucrânia contra a agressão russa.
Com a aprovação de novos planos de defesa, a União Europeia se prepara para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais imprevisível, buscando não apenas reforçar a segurança de seus Estados-membros, mas também garantir um futuro mais seguro para a Ucrânia e o continente como um todo.