Em um caso que tem gerado controvérsia e indignação, a família de uma funcionária do Ministério das Relações Exteriores (MIREX) de Angola, detida no dia 27 de fevereiro de 2025, tem contestado vigorosamente as acusações feitas pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC). A mulher, de 43 anos, foi presa sob alegação de envolvimento em um esquema de facilitação de vistos de permanência para cidadãos estrangeiros, cobrando uma taxa de 35 mil kwanzas por cada processo. No entanto, a família e alguns colegas de trabalho da funcionária afirmam que as acusações são infundadas e que o SIC está difamando sua imagem.
Segundo os familiares, as acusações de facilitar a imigração ilegal e a emissão de vistos são completamente falsas. Afirmam que a mulher detida não tinha qualquer responsabilidade sobre vistos de permanência, uma vez que essa função está sob a alçada do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) e das embaixadas, e não do MIREX. O marido da funcionária, Oliveira Huango, declarou à imprensa que a investigação do SIC foi superficial e não fundamentada, e que sua esposa está sendo injustamente acusada.
Huango ressaltou que a mulher trabalhou com agências de viagens para facilitar o agendamento de processos junto às embaixadas, atividade que, segundo ele, não configura crime. Em relação aos passaportes encontrados com a detida, o marido esclareceu que os documentos eram legítimos e foram usados apenas para agendar os processos de clientes nas embaixadas. “A minha esposa foi rotulada como criminosa, sem que houvesse qualquer base legal para isso”, lamentou Huango.
Funcionários do MIREX também demonstraram surpresa com as acusações, pois a funcionária detida não tinha qualquer envolvimento com a emissão ou renovação de vistos. O ministério onde ela trabalhava não gerencia esses processos, deixando ainda mais dúvidas sobre a veracidade das alegações feitas pelo SIC.
A família da funcionária, em sua defesa, questiona a lógica por trás das acusações, especialmente em relação ao fato de que ela não possuía nenhuma ligação com o SME, o órgão responsável pela emissão de vistos. Eles também levantam a questão sobre quem será responsabilizado pela imagem prejudicada da mulher caso se prove que ela não cometeu qualquer crime.
Por outro lado, o SIC afirma que a detenção da funcionária foi o resultado de uma denúncia que indicava a sua participação em um esquema ilegal de facilitação de vistos. A instituição informou que a mulher foi detida em flagrante durante uma operação realizada pela Direção Central de Operações, e que com ela foram encontrados 11 passaportes, sendo oito de cidadãos da República Democrática do Congo e três passaportes nacionais, além de 1,6 milhões de kwanzas e 700 dólares em dinheiro.
Apesar das evidências apresentadas pelo SIC, a família continua a negar as acusações e exige uma investigação mais aprofundada e imparcial. Eles afirmam que a detenção e as acusações contra a funcionária são baseadas em suposições e não em provas claras e substanciais. A insistência da família em buscar justiça reflete o desejo de reparar a imagem da mulher e esclarecer a veracidade dos fatos diante da opinião pública.
Este caso, que continua a atrair a atenção das autoridades e da população, levanta questionamentos sobre a eficácia e imparcialidade das investigações do SIC e sobre como as acusações podem afetar a vida de indivíduos que ainda não foram julgados por um tribunal. A luta pela justiça e pela recuperação da honra da funcionária do MIREX está apenas começando.