O cenário diplomático envolvendo os Estados Unidos, Rússia e a Ucrânia está em constante evolução, com novas discussões e reuniões sendo realizadas em busca de uma solução para o conflito. Recentemente, Yuri Ushakov, principal conselheiro de política externa do presidente russo, Vladimir Putin, indicou que um encontro entre os presidentes dos EUA e da Rússia na próxima semana é “improvável”. Ushakov também deixou claro que, embora as conversações entre as delegações de Washington e Moscovo, ocorridas em Riade, na Arábia Saudita, tenham sido construtivas, ainda não há uma data definida para um possível encontro de alto nível entre os líderes.
As reuniões que aconteceram em Riade marcaram um avanço significativo no diálogo entre os EUA e a Rússia. Ushakov descreveu as conversações como uma “conversa séria sobre todas as questões”, com foco na Ucrânia e nas condições para um possível encontro entre Trump e Putin. No entanto, ele observou que, apesar de a disposição para um encontro estar presente, ainda é “difícil” prever uma data exata para a reunião entre os dois presidentes.
A decisão de dar início a conversações diretas sobre a Ucrânia está nas mãos de Vladimir Putin, o que implica que, até que haja mais clareza sobre os termos, o processo de negociações segue com cautela. A situação continua a ser dinâmica, e o momento de uma reunião de cúpula dependerá de vários fatores, incluindo as discussões sobre os termos de paz e segurança.
Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, expressou otimismo em relação ao desenvolvimento das negociações, destacando que, ao contrário da administração Biden, que não buscou ouvir as preocupações russas, as conversas com a administração Trump começaram de maneira mais construtiva e aberta. Dmitriev enfatizou que havia uma nova “lógica” no processo, com as duas partes buscando entender as posições mútuas e discutir áreas de acordo.
Enquanto isso, os EUA insistem que continuam a consultar seus aliados, especialmente a Ucrânia e a União Europeia, em todas as etapas das negociações. Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, afirmou que, mesmo com as conversas com a Rússia, os aliados europeus e ucranianos são consultados “quase todos os dias”. O objetivo é garantir que qualquer acordo final envolva uma abordagem equilibrada e que todas as partes afetadas pelo conflito, incluindo a Ucrânia, tenham suas preocupações levadas em consideração.
Uma das questões centrais do processo de negociações é a ausência da Ucrânia nas conversações em Riade. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, expressou frustração por não ser incluído nas negociações diretas entre os EUA e a Rússia, afirmando que qualquer acordo alcançado sem a participação de seu país “não produzirá resultados”. Zelenskyy deixou claro que a Ucrânia não reconhecerá nenhum acordo feito sem sua presença nas negociações.
Essa situação criou um dilema diplomático, com a Ucrânia temendo que um acordo feito sem sua participação possa resultar em concessões prejudiciais à sua soberania e integridade territorial.
A ausência de representantes europeus nas conversações também tem gerado preocupação entre os líderes da União Europeia. Em Paris, diversos líderes europeus se reuniram para discutir a situação e avaliar opções para o envio de tropas de manutenção da paz para a Ucrânia, caso um acordo de paz seja alcançado. Além disso, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, reiterou o compromisso da UE em fornecer apoio financeiro e militar à Ucrânia, destacando a importância de garantir a estabilidade da Ucrânia e a defesa de sua soberania.
No entanto, a possibilidade de a Europa ser excluída das negociações formais é uma preocupação crescente. A resistência de figuras como Keith Kellogg, enviado especial de Trump para a Ucrânia, e Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, a incluir a Europa nas conversações parece clara. Kellogg afirmou que não seria “razoável” ter todos os envolvidos na mesa de negociações, enquanto Lavrov questionou qual seria o papel da Europa no processo, considerando que a Rússia tem questões sérias a discutir diretamente com os EUA.
Enquanto o processo de negociação entre os EUA e a Rússia segue em andamento, a exclusão da Ucrânia e da Europa das conversações formais levanta questões sobre a eficácia das soluções que podem surgir. A posição da União Europeia permanece firme: qualquer acordo de paz precisa respeitar a independência e a integridade territorial da Ucrânia, com garantias de segurança sólidas para a região.
A expectativa é que, à medida que as negociações avancem, a União Europeia seja incluída nas discussões, especialmente quando se trata de questões relacionadas a sanções, segurança e o futuro da Ucrânia. No entanto, tanto os EUA quanto a Rússia parecem preferir uma abordagem mais direta e menos fragmentada nas discussões, sem a participação formal de múltiplos atores internacionais.
O que está claro é que as negociações estão longe de ser simples, e o futuro da Ucrânia e da segurança europeia dependerá, em grande parte, do equilíbrio entre os interesses de todas as partes envolvidas. O papel da Europa, embora ainda incerto, continuará a ser uma questão central nas próximas fases das conversações.