A cólera continua a ser uma preocupação crescente em Angola, com um aumento significativo de casos registrados nos últimos dias. No entanto, especialistas da área de saúde pública garantem que a situação ainda está sob controle, apesar dos desafios enfrentados.
O médico especialista em saúde pública, Jeremias Agostinho, afirmou que o aumento de casos já era esperado e que não há um descontrolo no combate à doença. Segundo ele, a cólera tem um comportamento previsível, e medidas estão sendo tomadas para conter sua disseminação.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, foram notificados 255 novos casos em apenas 24 horas, elevando o total para 3.402 registros. O número de óbitos também aumentou, chegando a 114 vítimas desde o início do surto, em 7 de janeiro.
Atualmente, dez províncias angolanas já foram afetadas, sendo as mais atingidas Luanda (1.661 casos), Bengo (1.267 casos) e Icolo e Bengo (433 casos). Outras províncias, como Cuanza Sul, Huambo, Huíla, Zaire, Malanje, Cuanza Norte e Cunene, também registraram infecções, atingindo pessoas de 2 a 100 anos de idade.
Jeremias Agostinho destacou que as medidas de prevenção da cólera não são fáceis de implementar devido a problemas estruturais, como o saneamento básico deficiente e o acesso precário à água potável. Esses fatores dificultam a contenção da epidemia e exigem esforços coordenados entre as autoridades e a população.
A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, garantiu que o governo angolano está empenhado em controlar o surto antes do mês de março. A preocupação maior é evitar uma propagação ainda maior durante os meses de março e abril, quando as chuvas intensas podem agravar a situação.
Um dos principais métodos adotados para conter o avanço da cólera é a vacinação. Angola iniciou, em 3 de fevereiro, uma campanha de imunização nas províncias mais afetadas, com cerca de um milhão de vacinas adquiridas. O especialista Jeremias Agostinho ressaltou a importância da vacinação, afirmando que a imunização reduz o risco de transmissão e protege a população contra complicações mais graves da doença.
Ele explicou que, entre 100 pessoas infectadas pela bactéria da cólera, 80 das que já receberam a vacina não apresentarão sintomas, mas ainda poderão transmitir a doença. No entanto, após a infecção, esses indivíduos desenvolvem imunidade.
Embora o número de casos de cólera continue a crescer em Angola, especialistas enfatizam que a situação ainda pode ser controlada. O governo segue investindo em medidas de contenção, como melhorias no saneamento, campanhas de conscientização e vacinação em larga escala. A colaboração entre a população e as autoridades será essencial para impedir uma escalada ainda maior do surto e minimizar os impactos da doença no país.