Em um relato assustador, a jornalista Victória Sakutala, da Rádio Despertar, compartilhou com a mídia os detalhes de uma invasão policial em sua residência no Zango-5, Icolo e Bengo, que ocorreu no dia 9 de fevereiro de 2025. Cinco agentes da Polícia Nacional de Angola, da esquadra do Zango Oito Mil, entraram em sua casa sem qualquer mandado ou justificativa legal. A operação, que teve início por volta das 5 horas da manhã, foi fruto de um engano, com os policiais confundindo a casa da jornalista com a residência de um indivíduo chamado “Baloteli”.
Victória, que estava dormindo com seus filhos, acordou com o barulho de uma operação policial em torno de sua casa. Ao perceber a situação, ela tentou questionar os agentes sobre a justificativa para a ação e solicitou documentos que autorizassem a invasão. No entanto, os policiais não apresentaram nenhum mandado e, mesmo diante dos pedidos da jornalista, realizaram buscas na residência.
A confusão foi gerada por informações erradas de um suposto informante, que indicou erroneamente a casa de Victória como sendo de “Baloteli”, um alvo de investigação. Embora a família tenha ficado visivelmente abalada, não houve confirmação de qualquer vínculo com o suspeito em questão.
Em entrevista, Victória compartilhou o impacto emocional profundo que a invasão causou em sua família. Ela descreveu o episódio como um momento de grande estresse e humilhação, ressaltando que, sem nenhuma investigação prévia, os agentes trataram sua casa como se fosse a residência de um criminoso. Ela também mencionou o comportamento agressivo dos policiais, que a trataram de maneira hostil, mesmo depois de ela insistir que não conhecia o tal “Baloteli”.
Durante a abordagem, Victória relatou que os agentes gritaram com ela e a acusaram de mentir, o que quebrou sua autoridade moral diante de seus filhos. Ela também mencionou que um dos policiais chegou a ameaçá-la, dizendo que ela não seria atendida caso fosse à esquadra do Zango Oito Mil. A jornalista descreveu o clima de intimidação como desrespeitoso e abusivo, com os agentes tratando sua casa como se fosse um local de crime.
Quando a confusão foi resolvida e os agentes perceberam o erro, um deles pediu desculpas, assim como o Comandante da esquadra, Elias, que também entrou em contato para expressar seu arrependimento pelo ocorrido. No entanto, Victória não deixou de destacar o comportamento inadequado dos policiais durante toda a operação.
Victória também falou sobre o impacto psicológico que o episódio causou em seus filhos. Os pequenos ficaram extremamente assustados com a situação e se apegaram à mãe, temendo pelo pior. A jornalista teve que acalmá-los, garantindo que tudo ficaria bem, apesar do trauma gerado pela abordagem violenta. Ela mencionou que o comportamento dos policiais foi um dos principais focos das conversas entre ela e seus filhos após o ocorrido.
A jornalista não hesitou em afirmar que o incidente foi um claro abuso de autoridade. Segundo ela, a falta de respeito por parte dos agentes, o uso de armas dentro de sua casa e a agressividade com que foi tratada configuram um comportamento impróprio e inaceitável para agentes da lei. Victória enfatizou que a Polícia Nacional de Angola precisa repensar seus protocolos e responsabilizar os envolvidos para evitar que episódios semelhantes se repitam, não só com ela, mas com outros cidadãos.
Expectativas para o Futuro
Em relação ao futuro, Victória espera que os policiais envolvidos no incidente sejam responsabilizados e recebam as devidas correções. Ela destacou a importância de uma abordagem mais humana e educada por parte dos agentes da polícia, lembrando que, como servidores públicos, eles têm o dever de respeitar os cidadãos. Ela concluiu dizendo que, assim como sua família, muitas outras pessoas enfrentam abusos semelhantes de certos agentes, que, ao se vestirem com o uniforme da polícia, se sentem acima da lei e desrespeitam os direitos dos cidadãos.
Esse incidente levanta questões sérias sobre o comportamento de alguns membros das forças de segurança e a necessidade urgente de reformular os protocolos para evitar abusos de autoridade e garantir que os direitos dos cidadãos sejam protegidos.