No primeiro dia de negociação do ano, o preço do TTF neerlandês, considerado a referência para o gás natural europeu, subiu mais de 4%, atingindo 51 euros por megawatt-hora, seu nível mais elevado em meses.
A interrupção ocorreu devido à expiração de um acordo de trânsito que permitia o transporte de gás russo através da Ucrânia. Essa situação gerou preocupações sobre a capacidade da União Europeia de repor suas reservas, especialmente considerando que as temperaturas na região estão excepcionalmente baixas. Atualmente, os níveis de armazenamento de gás europeu encontram-se em torno de 75%, o mais baixo ritmo de reposição desde 2021. Segundo dados da organização Gas Infrastructure Europe, o volume de gás armazenado diminuiu cerca de 19% entre o final de setembro e meados de dezembro, refletindo as demandas elevadas devido ao clima frio.
Apesar de não haver risco iminente de uma crise energética ou escassez, a volatilidade no mercado de gás pode afetar significativamente os preços. O custo da energia já aumentou 50% em relação ao ano anterior, comprometendo a competitividade econômica da região e aumentando os custos para as famílias. Além disso, o possível aumento das importações de gás natural liquefeito (GNL) poderia encarecer ainda mais o fornecimento.
A perda do fornecimento via Ucrânia afeta especialmente os países da Europa Central, como Hungria e Eslováquia, que dependiam dessa rota para atender 65% de sua demanda em 2023. Embora exista uma alternativa pelo gasoduto TurkStream, ela não é suficiente para compensar a perda total do trânsito ucraniano. Em resposta, a Comissão Europeia propôs soluções como o uso de rotas alternativas, incluindo o fornecimento de gás da Grécia, Turquia e Romênia através dos Balcãs.
Mesmo que a Europa não enfrente uma escassez imediata de gás neste inverno, o reabastecimento das reservas será mais caro do que o esperado. Segundo especialistas, os preços do gás para o próximo verão já ultrapassaram os preços projetados para o inverno de 2025-26, indicando um cenário de altos custos para o futuro. Arne Lohmann Rasmussen, analista-chefe da Global Risk Management, alertou que há um risco crescente de a União Europeia terminar o inverno com baixos níveis de armazenamento, dificultando ainda mais o processo de reabastecimento.