Maputo – Em 31 de dezembro de 2024, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) fez um alerta urgente sobre a escalada da violência em Moçambique, que forçou milhares de cidadãos a fugirem para países vizinhos, como Malawi e Eswatini. A crise humanitária resultante tem gerado sérios desafios para os refugiados e civis, que enfrentam condições extremas e riscos elevados ao buscar abrigo em nações que oferecem asilo.
De acordo com as autoridades do Malawi e de Eswatini, pelo menos 3.500 moçambicanos cruzaram as fronteiras desses países, buscando escapar da violência crescente que se intensificou no país nos últimos meses. A diretora do ACNUR para a África Austral, Chansa Kapava, expressou sua profunda preocupação com a situação, destacando que a assistência imediata a esses refugiados é essencial para evitar ainda mais sofrimento. Ela enfatizou que muitos desses refugiados perderam seus meios de subsistência e agora dependem da ajuda humanitária para sobreviver.
A violência em Moçambique, exacerbada pela crise política pós-eleitoral, tem sido um dos principais motores dessa fuga em massa. Desde 21 de outubro, quando o candidato presidencial Venâncio Mondlane iniciou protestos contra o que foi considerado “fraude eleitoral”, o país tem enfrentado uma série de tumultos e protestos que se transformaram em atos de vandalismo e destruição de propriedades. As tensões aumentaram com o saque de bens e a destruição de infraestrutura pública e privada em várias regiões, como Gorro, Chilomo e Chire, nas proximidades da fronteira com o Malawi.
Em entrevista à Voz da América, o administrador de Morrumbala, na província da Zambézia, confirmou que o número de moçambicanos fugindo para o Malawi aumentou exponencialmente, com 45 famílias já tendo cruzado a fronteira até 26 de dezembro. Esse número continuou a subir à medida que a violência se espalhava para outras áreas. As ameaças à segurança e a destruição de bens privados e públicos forçaram muitas famílias a buscar refúgio em países vizinhos.
Até 29 de dezembro, o governo de Eswatini havia registrado 911 moçambicanos como solicitantes de asilo. A situação continua a se agravar, e a assistência humanitária permanece crucial para lidar com os desafios emergentes, enquanto a comunidade internacional observa a evolução da crise.
O ACNUR tem se empenhado em fornecer apoio àqueles que fogem da violência, mas a escassez de recursos e a complexidade da situação exigem uma resposta coordenada entre os países da região e as organizações internacionais para mitigar os impactos dessa crise. As comunidades afetadas continuam a enfrentar um futuro incerto, com a esperança de que a paz e a estabilidade possam ser restauradas em Moçambique para que os refugiados possam retornar para suas casas em segurança.
Essa crise não é apenas um problema local, mas uma emergência humanitária que exige ação urgente e apoio global. O que ocorre em Moçambique hoje pode ter um impacto duradouro na estabilidade da região, e é fundamental que a comunidade internacional continue a monitorar a situação e a oferecer assistência adequada a todos os afetados pela violência.