Após 50 anos de ditadura e repressão, o regime da família Assad chegou ao fim. Bashar al-Assad, que governava a Síria há 24 anos, se viu forçado a abandonar o cargo e fugiu para a Rússia. O Kremlin já confirmou que concederá asilo ao presidente deposto e à sua família. A queda de Assad marca o fim de uma era de opressão, mas, apesar das celebrações nas ruas, o futuro da Síria permanece incerto.
A guerra civil na Síria teve início em 2011, impulsionada pela Primavera Árabe, quando manifestações contra o regime de Assad se espalharam pelo país. O líder sírio conseguiu resistir por mais de uma década, com o apoio militar da Rússia e do Irão. Porém, dessa vez, esse suporte não foi suficiente para evitar sua queda. Nas ruas de Damasco, os civis celebram o fim da tirania, mas não sabem o que o futuro lhes reserva.
A capital síria, Damasco, caiu em poucas horas, depois que os rebeldes tomaram a cidade de Homs, localizada a cerca de 160 km de distância. Em um ataque relâmpago, as forças rebeldes, lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), derrubaram a estátua de Bashar al-Assad e até a do seu pai, Hafez al-Assad, o fundador da dinastia. Com isso, chegou ao fim um regime de repressão e violência que durou 54 anos.
A ofensiva rebelde foi bem-sucedida com pouca resistência das forças leais a Assad. O presidente sírio fugiu da capital na madrugada de domingo, em um voo para Moscovo, onde o Kremlin confirmou que lhe concederia asilo, alegando razões humanitárias. A população de Damasco, agora livre do regime, invadiu o Palácio Presidencial e outros símbolos do poder de Assad, celebrando a queda da tirania.
O grupo rebelde HTS, que liderou a revolta, tem uma longa história de luta contra Assad. Originalmente, o grupo era inspirado pelo extremismo jihadista e tinha vínculos com a al-Qaeda, mas atualmente afirma ter rompido com esses laços. O HTS também liberou prisioneiros das temidas prisões políticas do regime de Assad, um ato simbólico de liberdade.
Embora a transição de poder tenha sido garantida pelo primeiro-ministro sírio, que permanece em Damasco, o futuro da Síria ainda está nas mãos do HTS e de outros grupos rebeldes. A questão de como será a reconstrução do país e qual será o novo governo continua incerta, especialmente com a ideologia islâmica do HTS, que pode influenciar as decisões políticas no pós-Assad.
O regime de Bashar al-Assad enfrentou muitos desafios ao longo da guerra civil, mas sempre contou com o apoio da Rússia e do Irão. No entanto, o cenário internacional mudou drasticamente. A guerra na Ucrânia e o conflito com Israel enfraqueceram esses aliados, deixando Assad sem apoio militar decisivo. Quando seus principais patrocinadores ficaram sobrecarregados com suas próprias crises, Assad ficou isolado e vulnerável.
A guerra civil síria, que começou como um movimento por liberdade e mudança, se transformou em um dos maiores conflitos do século XXI. A Síria, devastada pela guerra, viveu uma tragédia humanitária sem precedentes, com mais de 500 mil mortos e quase 14 milhões de deslocados, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. A guerra também provocou uma crise de refugiados que afetou diretamente os países vizinhos, como Turquia, Líbano e Jordânia, além de países mais distantes, como a Alemanha.
Agora, com o fim da dinastia Assad, a Síria se encontra em um momento crucial. Embora o regime tenha caído, as cicatrizes da guerra e os desafios para reconstruir o país são imensos. O caminho para a paz e a estabilidade ainda é incerto, e a população síria terá que lutar por um futuro mais justo e livre. O fim da ditadura é apenas o começo de um novo capítulo para a Síria, que ainda precisa encontrar seu rumo em meio à incerteza e aos conflitos internos.