A recente decisão do Tribunal Constitucional da Roménia de anular o resultado da primeira volta das eleições presidenciais gerou uma forte reação do candidato de extrema-direita, Calin Georgescu, que foi surpreendentemente o vencedor da primeira fase do pleito. Georgescu qualificou a anulação do escrutínio de “golpe de Estado” e de “traição” dos princípios democráticos, afirmando que a decisão representa uma afronta à democracia romena.
Em um discurso televisionado na emissora privada Realitatea, Georgescu declarou que a decisão tomada pelo Tribunal Constitucional não é apenas uma questão legal, mas sim um golpe contra o sistema democrático. “O Estado romeno tomou a democracia e a espezinhou. O poder do povo é a base do Estado democrático, e a escolha do povo deve ser respeitada”, afirmou o candidato. Para ele, a anulação da votação representa uma simulação de justiça, uma violação dos direitos do povo e um desprezo pelo voto universal.
A decisão do Tribunal também gerou reações divergentes entre os candidatos. Elena Lasconi, que ficou em segundo lugar na primeira volta, condenou veementemente a anulação, considerando-a ilegal, imoral e um ataque à essência da democracia. Ela defendeu que a votação deveria seguir em frente, respeitando a vontade de 9 milhões de romenos que expressaram sua escolha nas urnas, tanto dentro do país quanto na diáspora. Lasconi destacou sua confiança de que venceria a eleição, prometendo lutar pela democracia e unificar o país.
Por outro lado, o primeiro-ministro Marcel Ciolacu afirmou que a anulação da eleição foi a “única solução correta”, depois que informações indicaram que o resultado havia sido distorcido pela interferência externa, especialmente da Rússia. Ciolacu pediu que as eleições fossem refeitas e que as autoridades investigassem quem estava por trás da tentativa de influenciar os resultados.
A decisão de anular o escrutínio gerou preocupações sobre possíveis distúrbios civis. Muitos analistas políticos e líderes partidários temem que a situação possa escalar para uma crise política. George Simion, líder da Aliança para a Unidade dos Romenos, também acusou a decisão de ser um “golpe de Estado” e pediu aos romenos para não tomarem as ruas, mas para buscarem uma solução democrática para o impasse.
Cristian Andrei, consultor político em Bucareste, descreveu a decisão como uma situação de crise para a democracia romena, destacando que, embora a interferência externa fosse previsível, a verdadeira preocupação é se as instituições romenas possuem a capacidade de lidar com tais desafios no futuro.
A anulação das eleições presidenciais deixou o país ainda mais polarizado, com cada lado acusando o outro de minar a democracia. O presidente da Roménia pediu que a decisão do Tribunal Constitucional fosse respeitada, mas a crescente tensão e as divergentes reações indicam que o caminho para a resolução da crise política será complicado e poderá ter implicações significativas para o futuro da democracia no país.
Essa situação vem evidenciando a fragilidade do sistema político romeno em tempos de crescente polarização e pressão externa, o que levanta questões sobre a confiança das instituições e a estabilidade do Estado democrático. A Roménia enfrenta agora um cenário incerto, com uma divisão crescente entre os cidadãos e os líderes políticos sobre o futuro das eleições e a integridade do processo democrático.