O Portal ZWELA PRESS teve a honra de conversar com Cláudio da Silva Mendes de Carvalho, um destacado intelectual e analista político, para refletir sobre os quase 50 anos de independência de Angola. A conversa abordou os ganhos, desafios e as perspectivas para o futuro do país, destacando as complexidades de uma nação que, apesar de celebrar a liberdade, ainda enfrenta muitos obstáculos para consolidar um desenvolvimento pleno e equitativo.
ZWELA PRESS (ZP): Após quase cinco décadas de independência, como você avalia os principais ganhos para o povo angolano?
Cláudio da Silva Mendes de Carvalho (CSMC): “A independência de 1975 representou um marco fundamental para Angola. Ela trouxe consigo o orgulho de uma nação que se libertou do colonialismo e alcançou a sua soberania. Esse é um ganho inegável, pois nos deu a oportunidade de reconstruir nossa identidade e estabelecer as bases de um estado governado por angolanos. Também assistimos a avanços significativos em áreas como a criação de instituições governamentais e melhorias nas infraestruturas.”.
ZP: Quais foram os principais desafios e perdas que o país enfrentou ao longo deste período?
CSMC: “Infelizmente, a independência foi rapidamente seguida por uma longa guerra civil que durou quase três décadas. Esse conflito deixou marcas profundas no tecido social e político do país, prejudicando seriamente o seu potencial de desenvolvimento. Além disso, a desigualdade persistente e a corrupção desempenharam um papel crucial em retardar o progresso que tanto almejávamos. As disputas pelo poder e a falta de unidade também atrasaram a construção de um Estado forte e coeso.”
ZP: Na sua opinião, o que foi feito de positivo até agora e o que ainda precisa ser concretizado?
CSMC: *“Houve avanços importantes em várias áreas. A reconstrução de infraestruturas foi uma prioridade, e também vimos o desenvolvimento de programas nas áreas de saúde e educação. No entanto, muitos desafios ainda permanecem. A diversificação da economia é crucial, assim como garantir uma governança mais transparente. Além disso, a luta contra a pobreza e a promoção de uma sociedade mais justa e equitativa são objetivos que ainda precisamos perseguir com mais vigor.”
ZP: O povo angolano sente-se verdadeiramente independente?
CSMC: “Esta é uma questão fundamental. Apesar de termos alcançado a independência política, muitos angolanos ainda não se sentem totalmente livres. Há uma dependência do sistema político atual que, por vezes, limita a liberdade de expressão e associação. Quando essas liberdades são restringidas, a independência se torna mais uma formalidade do que uma realidade vivida pelo povo.”
ZP: Que mensagem você deixa para os angolanos sobre o futuro do país?
CSMC: “O futuro de Angola depende de um compromisso renovado com a justiça social e a equidade. Precisamos trabalhar juntos para transformar a independência em um sentimento real, presente na vida de cada cidadão. Isso exige um governo responsável, que promova uma participação ativa da sociedade nas decisões políticas e econômicas. Só assim poderemos construir um futuro onde a independência não seja apenas uma data no calendário, mas um direito vivido por todos.”
ZP: Agradecemos imensamente a sua participação e as reflexões profundas, Cláudio da Silva Mendes de Carvalho?
CSMC: “Eu é que agradeço pela oportunidade de partilhar essas ideias com os leitores do ZWELA PRESS. Que possamos continuar a promover o debate sem censuras, contribuindo para o desenvolvimento do nosso país.”
Com essas palavras, Cláudio da Silva Mendes de Carvalho nos lembra da importância de continuar a refletir sobre o caminho percorrido por Angola e os desafios que ainda precisam ser superados. A independência é, sem dúvida, um marco histórico, mas sua verdadeira concretização passa por uma transformação social e política mais profunda, onde todos possam usufruir de seus direitos e liberdades plenas.