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Ministro Angolano exonerado descobre decisão pelas redes sociais

by REDAÇÃO

Luanda – No início de outubro, o agora ex-ministro do Interior de Angola, Eugénio César Laborinho, foi surpreendido ao ser informado sobre sua exoneração através das redes sociais. O anúncio aconteceu enquanto ele se encontrava em Portugal, onde havia chegado na noite de quarta-feira com a missão de seguir para o Chile, onde participaria de uma reunião da Interpol. Sua viagem contava com autorização do presidente João Lourenço, mas, para sua surpresa, ainda em Lisboa, Laborinho viu as notícias de sua demissão circulando online.

Esta exoneração inesperada não foi um caso isolado. Desde que assumiu a presidência, João Lourenço já exonerou sete governantes sem prévia comunicação. Um dos casos mais polêmicos ocorreu em janeiro de 2019, quando a então ministra da Família, Victória Correia da Conceição, soube de sua exoneração pela televisão e, em choque, tentou tirar a própria vida. Esse padrão de substituições tem suscitado críticas quanto à falta de transparência e consideração com os governantes afetados.

De acordo com fontes locais, a demissão de Laborinho pode ser resultado de conflitos internos de influência dentro do governo. Desde 2020, o Ministério do Interior e o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) teriam divergido em torno do controle de órgãos estratégicos como o Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) e a polícia de fronteira. Recentemente, João Lourenço afastou a direção dessas instituições e nomeou funcionários próximos ao general Fernando Miala, reforçando sua autoridade dentro do setor de segurança.

Além disso, o clima de tensão havia se intensificado com acusações de contrabando de combustível envolvendo altos comandantes da Polícia Nacional. As denúncias partiram do chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, mas careciam de provas concretas, o que levou alguns observadores a suspeitarem de um possível complô contra Laborinho, que já estaria com sua exoneração planejada.

A substituição de figuras como Eugénio Laborinho reflete um momento de reestruturação e disputas por poder dentro do governo angolano. As mudanças constantes no quadro de liderança e a forma como essas exonerações vêm ocorrendo indicam um ambiente de instabilidade no alto escalão, com um impacto visível na segurança do país.

Esse episódio mostra a importância da comunicação direta e transparente nas decisões governamentais e reforça o debate sobre as implicações políticas de trocas de comando não anunciadas.

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