Na última terça-feira, 22 de outubro, autoridades angolanas realizaram uma apreensão surpreendente na vila de Capenda Camulemba, província de Lunda-Norte. Uma caravana de veículos da Casa Militar do Presidente da República foi interceptada transportando cobalto, um minério valioso e estratégico, supostamente contrabandeado da República Democrática do Congo (RDC) e trazido para Angola através da província do Moxico.
Esse evento, embora ainda sem confirmação oficial, lança luz sobre um esquema de contrabando que envolve figuras ligadas ao alto escalão do governo. A descoberta reforça denúncias anteriores do General Francisco Pereira Furtado, Ministro de Estado e chefe da Casa Militar, que acusou publicamente dirigentes de estarem envolvidos em atividades de contrabando, especialmente de combustível.
A apreensão desse carregamento ocorre em meio a uma escalada de tensões entre Angola e a RDC, motivada pela crescente fiscalização nas fronteiras e pelo aumento das disputas comerciais entre os dois países. Recentemente, mais de 400 caminhões angolanos foram retidos na RDC, impedidos de chegar a Cabinda. Essa retenção resultou em prejuízos consideráveis para o setor de transportes, além de afetar os preços de produtos essenciais devido ao aumento dos custos de logística.
O impacto do contrabando de cobalto vai além das perdas financeiras para Angola. Esse tipo de atividade afeta a imagem do país no cenário internacional, além de contribuir para a instabilidade regional e alimentar conflitos armados. Minérios como o cobalto são recursos valiosos para o desenvolvimento industrial, e seu contrabando priva a economia local de uma fonte importante de receita e sustentabilidade.
Com as recentes apreensões e denúncias, cresce a pressão sobre as autoridades angolanas para que atuem com mais rigor no combate ao contrabando e investiguem possíveis esquemas de corrupção interna.