Nas próximas semanas, Fernando da Piedade Dias dos Santos, mais conhecido como “Nandó”, está prestes a quebrar o silêncio e anunciar oficialmente a sua candidatura à presidência do MPLA. A decisão surge em conformidade com os estatutos do partido, tendo em vista o próximo congresso agendado para 2026.
Inicialmente, “Nandó” hesitou em tornar pública a sua intenção de concorrer, considerando a questão prematura. Contudo, o apoio contínuo de vários militantes do MPLA, que o encorajam diariamente a avançar, foi determinante para o antigo Vice-Presidente de Angola decidir apresentar-se como pré-candidato à liderança do partido.
Caso a candidatura de “Nandó” se confirme, ele será o segundo membro do MPLA a oficializar a sua intenção de concorrer. António Venâncio foi o primeiro a anunciar publicamente a sua candidatura, tendo já informado os órgãos do partido sobre o seu desejo de participar na disputa pela presidência.
O congresso do MPLA ocorre de cinco em cinco anos, sendo que o último foi realizado em 2021. Segundo os estatutos do partido, o atual líder, João Manuel Gonçalves Lourenço, não poderá concorrer à presidência do MPLA. O artigo 120 determina que “o Presidente do Partido encabeça a lista de candidatos pelo círculo nacional, sendo também candidato à Presidência da República”. Como Lourenço não pode disputar um terceiro mandato presidencial, ele também está impossibilitado de continuar à frente do partido.
Apesar disso, João Lourenço parece resistir à ideia de deixar a liderança do MPLA e, de acordo com algumas fontes, há planos de realizar um congresso extraordinário para modificar o artigo 120 dos estatutos. Além disso, ele poderá tentar inserir cláusulas adicionais que dificultem a candidatura de outros membros à presidência.
A notícia sobre a possível candidatura de “Nandó” gerou uma resposta imediata por parte de João Lourenço, que convocou Paulo Julião “Dino Matross”, um militante histórico e um dos principais apoiadores de “Nandó”. Em mais de uma ocasião, Lourenço advertiu Matross sobre a sua postura de apoio a um congresso com múltiplas candidaturas. Recentemente, o presidente do MPLA reuniu as bases do partido para expor o seu diálogo com Matross, iniciando uma campanha de ataques e críticas direcionadas tanto a “Nandó” quanto a Matross.
A questão de um congresso democrático dentro do MPLA tem sido um dos maiores desafios para João Lourenço. Alguns rumores indicam que a sua recente crise de saúde, relacionada à pressão arterial, pode ter sido desencadeada após receber a confirmação de que “Nandó” poderia entrar na corrida pela liderança do partido.
Mesmo com a aproximação do fim do seu mandato em 2027, Lourenço parece relutante em deixar a vida política. Existem indícios de que ele planeia continuar na liderança do MPLA, promovendo uma figura jovem da linha de Manuel Homem como cabeça de lista nas próximas eleições gerais em Angola, com o intuito de manter o controlo sobre o futuro presidente do país, do parlamento e da bancada parlamentar do partido.