1 – A DEMORA REPUBLICANA EM VIRAR O JOGO
A Convenção Democrata de Chicago confirmou o “momento Kamala”. E nem o apoio de Kennedy parece estar a dar a Trump a reviravolta de que necessita. Será que precisamos de esperar pelo debate de 10 de setembro? Robert Reich no “Guardian”, nota: “Estou feliz que os democratas estejam finalmente a reagir a Trump. Estão a chamá-lo de ‘estranho’. Gozam com ele: ‘Donald Trump adormeceu no seu próprio julgamento’, brincou Hillary Clinton na convenção democrata. “Quando ele acordou, ele fez seu próprio tipo de história – a primeira pessoa a concorrer à presidência com 34 condenações criminais.” Barack Obama observou a “estranha obsessão de Trump com o tamanho das multidões”. Michelle Obama perguntou: “Quem vai dizer a ele que o emprego que ele está procurando atualmente pode ser apenas um daqueles ‘empregos negros’?” Reich conclui: “Trump odeia ser ridicularizado. Ele não suporta o ridículo. Então, continuem assim. Mas além da zombaria, não devemos esquecer a traição de Trump.
Os valores que um presidente enuncia e demonstra ricocheteiam na sociedade, fortalecendo ou minando o bem comum. Se os republicanos perderem as eleições deste ano – contra uma administração cujas políticas foram rejeitadas pelo público em sondagens após sondagens – eles merecerão perder.” Thomas Sowell, no Wall Street Journal, alerta os republicanos para o perigo da demora na reação à onda Kamala: “Muitos republicanos parecem confiantes de que vencerão as eleições deste ano. Mas há apenas alguns anos, estavam igualmente confiantes de que conquistariam o controlo de ambas as câmaras do Congresso numa “onda vermelha”.
As reações positivas do público às primeiras declarações da vice-presidente Kamala Harris depois de se ter tornado a candidata dos Democratas parecem ser minimizadas pelos Republicanos – como se fosse uma espécie de resposta de lua-de-mel que irá automaticamente evaporar à medida que a verdade for revelada. As autoridades eleitorais em alguns estados começarão a enviar cédulas pelo correio daqui a menos de um mês. Se os republicanos não desacreditarem o que ela afirma dentro desse mês, os votos que ela obtiver serão fixados – mesmo que os republicanos destruam completamente as suas reivindicações mais tarde.” Setenta e um dia é muito tempo. Mas a campanha Trump afunda-se num dilema complicado: o que fazer para voltar a liderar a corrida?
2 – UM KENNEDY MUITO DESALINHADO
Robert Kennedy Jr. apoia Trump e já apareceu ao lado dele a dizer que Donald foi “o presidente que vos porá livre das guerras e sustentará as classes médias”. Mas a jogada pode ter surgido tardia. O filho de Bobby Kennedy está a tentar remover o seu nome em alguns estados, mas continua a aparecer noutros, como a Carolina do Norte, um dos campos de batalha onde Kamala pode surpreender.
Cinco dos seus irmãos emitiram uma declaração considerando o seu apoio a Donald Trump uma traição ao seu pai e aos valores da sua família. Max Kennedy, no LA Times, foi duro: “Ignorem o meu irmão Bobby”. “Quanto mais os eleitores conheciam sobre RFK Jr., menos gostavam dele”, disse a conselheira sénior do Comité Nacional Democrata Mary Beth Cahill (antiga diretora da campanha presidencial de John Kerry).
“Donald Trump não está a ganhar um endosso que ajude a construir apoio, ele está a herdar a bagagem de um candidato marginal fracassado.” Será mesmo assim? No seu discurso em Phoenix, Kennedy, com lágrimas nos olhos, deixou claro que baseava a sua escolha na sua paixão de anos por uma questão fundamental: doenças crónicas em crianças.
“Se o Presidente Trump for eleito e honrar a sua palavra, o vasto fardo das doenças crónicas que agora desmoralizam e levam o país à falência desaparecerá”, exortou. “Esta é uma jornada espiritual para mim. Tomei minha decisão através de oração profunda, através de uma lógica obstinada: que escolhas devo fazer para maximizar a minha oportunidade de salvar as crianças da América e restaurar a saúde nacional?”
UM ESTADO: Ohio
Resultado em 2020: Trump 53,3%-Biden 45,3%
Resultado em 2016: Trump 51,3%-Hillary 43,4%
Resultado em 2012: Obama 50,6%-Romney 47,6%
Resultado em 2008: Obama 51,5%-McCain 46,9%
Resultado em 2004: Kerry 50,8%-Bush 48,7%