Pelo menos 136 pessoas morreram, 141 desaparecidas estão desaparecidas e 441 mil desalojadas.
Um empresário que morreu ao ser arrastado pela forte corrente da cheia que se formou na cidade de Sinimbu, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, ainda teve forças para enviar uma mensagem de áudio à filha de 12 anos pedindo para ela cuidar da mãe dela. Carlos Wolfart, de 41 anos, foi uma das primeiras vítimas fatais das cheias que atingem o maior estado do sul do Brasil e até este sábado mataram pelo menos 136 pessoas, estando outras 141 desaparecidas e 441 mil desalojadas.
“Cuida da mãe, tá? E reza para mim, filha. Só por sorte, o rio está subindo muito, só por Deus.” Foram as últimas palavras do empresário antes de ser arrastado pelas águas revoltas que tinham transbordado do rio que passa próximo à casa de campo onde ele e toda a família, que viviam no estado vizinho de Santa Catarina, se tinham hospedado.
Quando o nível das águas subiu abruptamente e tomou em segundos conta da propriedade, cada uma das pessoas da família tentou proteger-se da forma que deu, uns subindo no telhado e Carlos, que estava no lado de fora da casa, numa árvore. Ele acreditou que a água da corrente formada pelo transbordamento das águas do rio não chegaria até ao topo da árvore e que ali estaria a salvo até ser resgatado, mas a força da cheia foi tão grande que arrancou a árvore pela raiz e a arrastou para longe, levando o empresário com ela.
O resto da família, que tinha viajado a Sinimbu para Carlos ser padrinho de casamento de um cunhado, sobreviveu e foi resgatada horas depois de helicóptero em cima do telhado. O noivo e cunhado de Carlos conseguiu através de mensagens chamar vários amigos que têm motas aquáticas e todos fizeram uma desesperada busca pelo empresário, mas o corpo dele somente foi encontrado no final desta semana, oito dias após a trágica morte, bem longe dali.