Sentimento comum a todos os partidos é que ainda há muitas promessas que faltam cumprir.
Mariana Mortágua
Bloco de Esquerda
O 25 de Abril não está destinado a ficar fechado num livro de história. Para quem, como eu, nasceu depois, o 25 de Abril é história, mas é também uma promessa por cumprir.
Num País tão desigual, não podemos permitir que um em cada 10 trabalhadores não consiga sair da pobreza. Numa democracia que defende a igualdade, não podemos aceitar que as mulheres tenham salários mais baixos. Num País que soube construir o SNS e a escola pública, não daremos tréguas a quem quer destruir esses pilares da democracia. Num País que consagrou a habitação na Constituição, não podemos tolerar que um salário não chegue para pagar a casa.
O 25 de Abril é um instrumento. Num País que derrotou uma ditadura, é um instrumento para derrotar o ódio e o ressentimento. Num País que construiu a democracia, é um instrumento de luta pela igualdade. É a esperança de uma vida boa, que vamos construir.
Rui Rocha
Iniciativa Liberal
Em 1974 foi derrubada a mais velha ditadura da Europa Ocidental. Em 1975 os portugueses elegeram a Assembleia Constituinte por sufrágio universal. Em 1976 entrou em vigor a Constituição democrática e houve eleições para a Assembleia da República. Primeiro, tivemos a conquista da liberdade. Depois, alcançámos a democracia. Sempre num 25 de Abril.
No entanto, falta desenvolver o País. Não o falso desenvolvimento da propaganda socialista, mas aquele que vai tardando em Portugal. Para que o crescimento económico deixe de ser uma miragem. Para que o elevador social funcione. Para que os jovens não precisem de emigrar para terem uma vida digna. Para deixarmos de estar asfixiados pela maior carga fiscal de sempre. Para nos aproximarmos, por fim, dos índices de prosperidade da União Europeia.
André Ventura
Chega
O que falta cumprir nos 50 anos do 25 de Abril? Falta cumprir quase tudo. Falta termos uma Justiça mais eficaz, sem interferência do poder político, como se tem visto nos últimos meses, que tenha a capacidade de agir de forma eficaz; faltam polícias motivadas, capazes de, com dignidade, fazerem cumprir a segurança nacional; e falta o que sempre tem faltado nas últimas décadas, salários e pensões dignos. Esse tem sido o nosso drama. Por isso os jovens emigram, por isso os pensionistas vivem na miséria. Precisamos de um choque de dignidade no nosso país. Aumentar salários e pensões não devia ser visto como um custo, deve ser visto como um investimento social urgente para fazer cumprir o próprio Abril. Cinquenta anos depois, os níveis de miséria que ainda temos deviam envergonhar-nos.
Inês Sousa Real
PAN
O 25 de Abril foi sinónimo de progresso social, direitos fundamentais e democracia. Mas muito está por fazer para cumprir Abril.
Apesar de o 25 de Abril ter sido sinónimo de avanços nos direitos das mulheres, continuam sub-representadas em órgãos cruciais e a ganhar menos 13,1% do que os homens; apesar de o 25 de Abril ter sido sinónimo de democracia, um jovem continua a ter de esperar até aos 18 anos para poder votar; apesar de o 25 de Abril ter sido sinónimo de direito à habitação, um jovem só consegue sair da casa dos pais aos 29 anos; apesar de terem passado quase 50 anos do 25 de Abril e de hoje vivermos num contexto de emergência climática, continuamos a ter um modelo de construção urbana que aposta no betão sem limites e sem respeito pelo ambiente e pela biodiversidade.
Mas se Abril ainda não se cumpriu, é nessa madrugada de esperança e nesse dia inicial inteiro e limpo que também nos inspiramos diariamente para lutar pelos direitos que ainda não foram alcançados para melhorar a vida das pessoas, dos animais e da natureza.
Conscientes de que o Estado existe para servir as pessoas, não as pessoas para servir o Estado. Liberdade e democracia – há meio século, hoje e sempre.
Rui Tavares
Livre
Nenhum outro dia na História de 900 anos de Portugal apresenta uma folha de serviços tão completa como o 25 de Abril: a manhã acordou com ditadura, censura, guerra colonial, polícia política e presos de opinião, e à tarde já se percebia que tudo isso era ou seria em breve passado. O 25 de Abril cumpriu com um País europeu e uma democracia pluralista. Mas da promessa do 25 de Abril ficaram por cumprir alguns elementos essenciais de que mencionarei apenas o principal: a persistência da pobreza como fenómeno estrutural do nosso país. Muito se avançou, mas ainda há o preconceito tenaz de que o nosso país é pobre e que uma parte considerável da sua população sempre viveu e sempre viverá em situação de privação. A verdade é que com as políticas públicas adequadas, e tal como noutros países, a pobreza pode tornar-se um fenómeno circunscrito e pontual no nosso país. Com o empenho de todos esta deve ser a missão para os primeiros anos deste segundo meio século do 25 de Abril.
Paulo Raimundo
PCP
É com júbilo que comemoramos os 50 anos da Revolução do 25 de Abril. Revolução que é uma afirmação de liberdade, emancipação social, de soberania e independência nacional. Uma Revolução que tornou possíveis grandes conquistas que mudaram e moldaram a nossa vida coletiva. Revolução que chegou depois de um longo percurso de luta dos trabalhadores e do povo, onde o PCP está ininterruptamente presente, como a grande força da Resistência ao fascismo e depois, na Revolução, com uma decisiva contribuição para a fundação e construção do regime democrático. “Abril é mais futuro”, porque as suas conquistas e o seu projeto emancipador transportam os valores que orientam a construção do Portugal do presente e de amanhã. Continuar Abril exige romper com as orientações da política de direita que subvertem o que Abril representou. Será no respeito pelo seu património de realizações que seguiremos, por uma sociedade mais justa, mais humana e mais igualitária, afirmando um projeto patriótico e de esquerda, a democracia avançada, os valores de Abril no futuro de Portugal.
Luís Montenegro
PSD
Nos 50 anos do 25 de Abril, é legítimo que os portugueses se perguntem se o País está no patamar de progresso económico e social que deveria estar, tendo em conta o contexto europeu no qual nos inserimos há quase 40 anos. A resposta, infelizmente, parece-me óbvia. Persistem hoje – e, porventura, de modo mais intenso do que nas últimas décadas – desigualdades muito acentuadas na sociedade portuguesa. Desigualdades no acesso a áreas essenciais à vida das pessoas, como a saúde, a educação e a habitação, e que cavam um fosso cada vez mais profundo entre quem tem e não tem capacidade económica. Desigualdade no acesso às oportunidades para milhares de jovens que não encontram um futuro no seu próprio País. E ainda nas cada vez maiores bolsas de pobreza e de exclusão, que não poupam nenhuma geração, das crianças aos idosos. Sim, há muito Abril por cumprir, há muito mais a fazer.
Pedro Nuno Santos
PS
Completa-se este ano meio século do 25 de Abril de 1974. Durante este meio século, Portugal fez um percurso extraordinário na política, na economia e na sociedade. Deixámos de ser um País pobre e isolado no extremo ocidental da Europa para ser um membro da grande família de Estados prósperos e modernos que constitui a União Europeia. Devemos estar orgulhosos do caminho percorrido pela nossa comunidade política ao longo destas cinco décadas.
Hoje, os valores de Abril são os mesmos, mas, na segunda década do século XXI, as exigências são diferentes. É tarefa das gerações que são filhas de Abril honrar o seu legado simbólico e atualizar as nossas soluções para responder às expectativas de quem, do trabalho à habitação, passando pela educação, pela saúde ou pela cultura, quer viver e realizar-se em Portugal.
Abril é, tal como o projeto do Partido Socialista, um projeto sempre em renovação. Cabe-nos olhar para o caminho que fizemos nos últimos 50 anos e lançar as bases para o desenvolvimento e para a prosperidade que queremos que marquem os próximos 50.