O Presidente do Governo espanhol cancelou a agenda por alguns dias para ponderar se vai demitir-se do cargo. Pedro Sánchez remeteu uma decisão para uma comunicação que irá fazer numa aparição pública na próxima segunda-feira, dia 29 de abril.
Este período de reflexão de Sánchez surge depois de o presidente do 41º Tribunal de Instrução de Madrid, Juan Carlos Peinado, ter aberto uma investigação contra a sua mulher, Begoña Gómez, por alegada prática de crimes de tráfico de influências e corrupção em negócios. Peinado declarou a investigação do caso secreta.
Nas redes socias, Sánchez partilhou uma “carta para os cidadãos” na qual explica as razões que o levaram a cancelar a ordem de trabalhos.
“Necessito de parar e refletir. Tenho de responder à pergunta se vale a pena, apesar do que a direita e a extrema-direita pretendem fazer da política”, escreveu Pedro Sánchez, adiantando que cancelou a agenda pública para os próximos dias. O chefe do governo espanhol garante ainda que não tem “apego ao cargo”.
Sánchez promete ainda que a decisão sobre uma eventual demissão será comunicada aos meios de comunicação social na próxima segunda-feira, dia 29 de abril, durante uma aparição pública.
Após ter recebido uma queixa de Manos Limpias, uma organização de extrema-direita dirigida por Miguel Bernad, o juiz Peinado tomou a decisão em 16 de abril. As informações fornecidas pelo queixoso baseiam-se em informações anteriores publicadas em vários meios de comunicação social.
Para Moncloa, trata-se de uma denúncia baseada em boatos
Até à data, o juiz convocou dois jornalistas para deporem como testemunhas. Ambos publicaram informações que ligam Begoña Gómez a pessoas incluídas no chamado caso Koldo.
De acordo com fontes da Presidência do Governo, citadas pela Cadena SER, a organização de Bernad apresentou “uma queixa baseada em boatos e notícias falsas, o que significa que não tem qualquer base legal e responde a uma estratégia da direita e da extrema-direita e dos seus terminais”.
Sánchez garante que continua a acreditar na Justiça
O Presidente do Governo, Pedro Sánchez, afirmou na quarta-feira que, apesar das informações publicadas, continua a acreditar na justiça.
O texto da queixa refere que Begoña Gómez, graças à sua relação com o Presidente do Governo, enviou cartas de recomendação com a sua assinatura a empresários que concorriam a concursos públicos.
Empresas e empresários mencionados na queixa
Entre os empresários mencionados encontra-se o presidente da Zamora CF, Víctor de Aldama, um dos principais empresários objeto de investigação no chamado “caso Koldo”. A denúncia apresenta Aldama como o elo de ligação de Gómez com a empresa de turismo Globalia.
A Manos Limpias detalha na queixa que a Air Europa “concordou em pagar 40.000 euros por ano ao Centro Africano do acusado”. Acrescenta que “o acordo entre a Globalia e o Instituto de Empresa incluía 15 mil euros por ano em voos de primeira classe para a arguida e a sua equipa”.
O Gabinete de Conflitos de Interesses do Ministério da Função Pública arquivou duas queixas anteriores apresentadas pelo Partido Popular. Até ao momento da publicação deste artigo, Begoña Gómez não tinha conhecimento de ter sido notificada da queixa.