Atual cenário político angolano também é marcado pelo “uso inapropriado” de alguma linguagem que não ajuda o país a criar o sentimento de acolhimento.
“Por isso viemos a esta casa para lançarmos essa ponte de diálogo que se requer, refletimos sobre o ambiente que estamos a viver, sobre a cultura política que se leva a cabo no país e a necessidade urgente que há de estabelecermos uma base de diálogo permanente entre os partidos políticos”, disse o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
Para o presidente da CEAST, o atual cenário político angolano é marcado também pelo “uso inapropriado” de alguma linguagem que não ajuda o país a criar o sentimento de acolhimento, de solidariedade, de paz social, cidadania responsável, ativa e consciente.
Trabalhadores angolanos iniciaram esta segunda-feira a segunda fase de uma greve geral para exigir aumentos salariais, ajuste do salário mínimo nacional, redução do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, lamentando a “indiferença” do Governo perante as suas reivindicações.
A desvalorização do kwanza e a subida diária dos preços dos principais produtos da cesta básica fazem também parte das queixas dos cidadãos angolanos, que dizem não conseguir o mínimo para sustentar as suas famílias, tendo o Presidente angolano, João Lourenço, aprovado, a semana passada, um suplemento salarial para a função pública no valor de 30.000 kwanzas (33,6 euros).
O ambiente político é ainda marcado por queixas de intolerância política na sequência de um ataque à caravana de deputados da UNITA (principal partido da oposição), na província do Cuando-Cubango, do qual resultaram alguns feridos.
“É o ambiente que tem a ver com este nervosismo social que nós sentimos, este nervosismo político que nós sentimos, alguns ares de intolerância que ouvimos e por isso há necessidade de os políticos, para aqueles lugares onde o tom de intolerância ainda está alto, lá irem e trabalharem com as comunidades”, insistiu o líder da CEAST.
O também arcebispo de Saurimo exortou ainda os políticos angolanos a “assumirem as suas responsabilidades [no âmbito da convivência pacífica entre cidadãos] e a não se trancarem nos seus partidos”.
“Há necessidade de os políticos saberem conviver com as comunidades e trabalharem para a cultura da paz, concórdia e reconciliação”, concluiu José Manuel Imbamba.