Óscar Monteiro é um político e veterano da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). O homem é – como se diz na outra margem do Oceano Atlântico – um “cabra (homem) arretado” (corajoso). Não tem receio de dizer (alto, em bom, com todas as vogais e consoantes abertas) aquilo que a maioria dos seus camaradas pensa em cobarde e barulhento silêncio.
Fonte: Club-k.net
Há dias entendeu “assumir o barulho” que (quase) todos os membros do partido no poder têm medo de fazer: o de perguntar a Filipe Nyusi por que razão a sua sucessão não consta dos pontos da agenda III Sessão do Comité Central da FRELIMO.
Fê-lo durante a II Sessão Ordinária do Comité Nacional da Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional (ACLLN), que decorreu recentemente no município da Matola, província do Maputo.
Óscar Monteiro surpreendeu tudo e todos. Foi um acto de inaudita coragem e liberdade intelectual dignos de nota. Se o acto fosse incluído num roteiro de cinema, decerto que o Óscar Monteiro seria galardoado com um “Óscar” em Hollywood.
O bicudo e incógnito problema que vive a FRELIMO é o mesmo que vive o MPLA. Salvaguarde-se as devidas distâncias e diferenças. Na FRELIMO, há políticos com coragem e verbo fortes. No MPLA também os há. São muitos. Mas não querem ter problemas. Têm família para sustentar e empregos para manter. Não querem andar a olhar permanentemente por cima do ombro quando na rua e muito menos querem ser abalrroados por uma bala perdida ou por um camião desgovernado.
Virgílio de Fontes Pereira e Rui Falcão ousaram aflorar a questão referente à sucessão da actual liderança do partido no poder em Angola, em resposta a questões colocadas, em disferentes circunstâncias, pela Comunicação Social. Foram “castigados” à boa maneira da “Enciclopédia Soviética”.
O primeiro foi defenestrado do cargo de presidente do Grupo Parlamentar do MPLA. O segundo foi apeado do posto de “port-parole” do secretariado do Bureau Político do partido no poder. Dino Matross também mandou, aqui em tempos, um recado à liderança do partido, dizendo que um terceiro mandato não seria bom para João Lourenço. Este, já está de fora. Já é cinza. Não se lhe pode queimar mais.
Seria bom que houvesse também alguns “Óscares Monteiros” com coragem de, em sede própria, confrontar o presidente do MPLA quanto à sua sucessão. Não falta muito para o termino do seu mandato. Seria deveras importante que o MPLA se democratizasse. É preciso cuidar para que João Lourenço não assalte o MPLA e muito menos o Estado com o terceiro mandato. Que o próximo líder do MPLA saia de um pleito eleitoral intrapartidário com pelo menos dois candidatos. Que este pleito seja livre, justo e democraticamente organizado.