O Presidente de Angola, João Lourenço, esteve em visita oficial (a segunda) de três dias à China, o seu maior credor, para abordar a estratégia futura das relações bilaterais – dando mostras de que o seu mais recente envolvimento com os interesses dos Estados Unidos, explanado na saída da OPEP+, tem outro lado que o Estado africano quer preservar. São vários os países que têm optado por esta conceito híbrido das suas relações internacionais: nem unicamente ‘encostados’ à China, nem totalmente engajados com os interesses norte-americanos. O Brasil é talvez o exemplo mais claro desta ‘terceira via’.
De acordo com a agência de notícias Angop, o chefe de Estado angolano manteve logo no primeiro dia um encontro com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, com quem debateu o novo quadro da cooperação bilateral, que não podia deixar de lado a questão central do petróleo. A China tem levado até ao limite o investimento nas suas reservas de petróleo – mesmo que para isso tenha de financiar economias como as da Rússia e do Irão – com a África e com a América do Sul a constarem do seu radar.
A saída de Angola do seio da OPEP deixa o país liderado por João Lourenço mais ‘livre’ para controlar a extração de petróleo dentro do quadro dos seus interesses nacionais, deixando de lado a obrigação de alinhar com uma organização que, dizem os críticos, está excessivamente sob a alçada da estratégia da Arábia Saudita.
A própria agência disso dava nota: “identificar novas áreas para parcerias estratégicas no domínio do petróleo, a maior moeda de troca de Angola”. Em 2022, o volume de trocas comerciais atingiu 27,8 mil milhões de dólares, dos quais pouco mais de 23 mil milhões representaram as exportações de Angola para a China, essencialmente petróleo, segundo dados oficiais.