Serviço de Segurança da Lituânia fala em “operação orquestrada pela Rússia” para travar oposição russa na antecâmara de “eleições antidemocráticas”. Presidente lituano avisa Putin: “aqui ninguém tem medo de si”.
As autoridades da Lituânia acreditam que o recente ataque a Leonid Volkov, colaborador próximo de Alexei Navalny, opositor russo declarado morto numa prisão do Ártico, em Vilnius, foi planeada e executada pela Rússia.
“O ataque a Leonid Volkov, membro da Fundação Anti-Corrupção, em Vilnius, a 12 de março de 2024, é uma operação organizada e executada pela Rússia com o objetivo de impedir a implementação dos projectos da oposição russa relacionados com as próximas eleições presidenciais russas não democráticas”, afirmou o Serviço de Segurança lituano num comunicado, esta quarta-feira.
Dezenas de agentes da polícia da Lituânia estão a vasculhar os bosques perto do local do ataque.
A polícia afirma que os agentes estão a trabalhar desde a noite passada e que continuarão a investigar no local e na área circundante.
O presidente da Lituânia Gitanas Nauseda lançou um aviso a Putin, em Paris, na quarta-feira: “Ninguém tem medo de si aqui”.
“Infelizmente, os bielorrussos não se podem sentir seguros, mesmo estando no estrangeiro”, afirmou a líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, que vive no exílio na Lituânia.
“Penso que o objetivo de tais ataques é paralisar as pessoas, paralisar os movimentos democráticos.”
Na quarta-feira, a Ministra do Interior da Lituânia, Agne Bilotaite, encontrou-se com o Comissário Geral da Polícia para discutir os recentes acontecimentos e a situação geral da segurança pública na Lituânia.
O chefe da polícia lituana anunciou que agentes do Departamento de Polícia Criminal da Lituânia estão a investigar o ataque a Leonid Volkov.
“Está a ser mobilizada uma força maciça, tanto em termos de competências analíticas como de capacidade física”, afirmou o Comissário-Geral da Polícia.
A ministra do Interior refere que “as provocações” se têm tornado “rotina diária” do país.
“As provocações podem aumentar, muito provavelmente no contexto das pseudo-eleições na Rússia”, afirmou Bilotaite.
O ataque a Volkov ocorreu quase um mês após o anúncio da morte de Navalny numa remota colónia penal do Ártico. Era a figura da oposição mais conhecida da Rússia e o crítico mais feroz de Putin.
As figuras da oposição e os líderes ocidentais responsabilizaram o Kremlin pela morte do opositor, algo que as autoridades de Moscovo rejeitam.