Exibição de luxo mantém os dragões vivos na luta pelo campeonato.
Quando entram em campo dois candidatos ao título, nunca se pode dizer que um tem mais a perder do que o outro. Mas neste caso, ou talvez em todos, nunca será uma palavra demasiado forte. As águias chegaram ao dragão com 9 pontos de vantagem sobre os dragões e, por razões óbvias, a maior parte da pressão – para não dizer a totalidade – estava do lado da equipa de Sérgio Conceição.
Sim, o FC Porto tinha muito mais a perder à entrada do clássico. E talvez por isso tenha sido a equipa que procurou assumir o jogo desde o primeiro minuto, pela necessidade, para além da natural exigência de vencer.
Os portistas souberam dizer ‘presente!’ e tornaram o Benfica ausente da partida em praticamente todos os momentos. Vitória justa, robusta, e que deixa o campeonato ainda mais animado, com o regresso do FC Porto à disputa (palpável) pelos lugares cimeiros da tabela.
Os azuis e brancos saem vivos – e bem vivos! – da 24.ª jornada e, apesar de continuarem numa posição de enorme fragilidade, podem agora respirar (um pouco) mais tranquilos.
Para o clássico, Sérgio Conceição utilizou a estrutura que tem mantido nos últimos jogos. A equipa portista contou com Galeno (que jogo!) e Evanilson, que estavam em dúvida depois de terem saído tocados do encontro com o Santa Clara a meio da semana. Do outro lado, relativamente ao dérbi de quinta-feira, Schmidt fez duas alterações. Bah e Neres saltaram do onze, entraram Morato e Tengstedt.
Foi sob um ambiente explosivo nas bancadas do Dragão que arrancou o clássico. Com menos 9 pontos que o Benfica, era expectável que a iniciativa partisse sobretudo dos dragões. Pepê, aos dois minutos, aparecia em zonas desconhecidas para cabecear, no centro da área, para as mãos de Trubin. O cruzamento foi de Francisco Conceição, que começou o jogo, como sempre, ligado à ficha.
Até aos 10 minutos, era o único lance digno de registo. Do lado das águias, alguma passividade, ficando a ideia de oferecem – estrategicamente – a iniciativa de jogo aos azuis e brancos. Uma ideia descontruída mais tarde, visto que a postura acabaria por revelar-se forçada pela enorme pressão azul e branca. O jogo disputava-se sobretudo a meio-campo, com muitas faltas assinaladas, o que quebrava o ritmo de jogo.
Apesar da superioridade portista, o Benfica respondia por Casper Tengstedt. A bola saiu por cima. Ainda estavam os benfiquistas a lamentar-se, quando segundos depois Galeno esteve perto, muito perto, de inaugurar o marcador. A bola passou a menos de um metro do poste direito da baliza do guardião ucraniano.
Cheirava a golo, e a a notória supremacia azul e branca viria a dar frutos, numa enorme explosão de alegria. Por quem? Esse mesmo, Galeno. Na sequência de um canto marcado por Conceição, o extremo viu a bola cair-lhe aos pés e não desperdiçou. A formação da casa traduzia em golos a superioridade demonstrada até então.
O Dragão animava-se, e de que maneira, e aos 25 minutos, primeiro por Francisco Conceição, e de seguida por Pepê, voltava a colocar em sentido Trubin, que agarrou sem dificuldades. O Benfica não conseguia ter a bola, mostrando-se incapaz de se aproximar da área adversária.
À passagem da meia-hora, o campeão nacional conseguiu finalmente ocupar durante alguns minutos o meio-campo adversário, mas sem conseguir criar qualquer lance de perigo. Ainda assim, as águias pareciam começar a pressionar mais em cima, empurrando o FC Porto e limitando as opções de saída. Crescia o Benfica no jogo, respondendo bem ao golo sofrido.
O remate de Rafa, aos 34 minutos, era a prova de vida das águias, que cresciam na partida. Valeu Diogo Costa, atento, a atirar para canto. Segundos depois Di María fez o mesmo, mas atirou para fora.
O Benfica parecia estar a crescer, mas seria o FC Porto a sorrir novamente. E pelo suspeito do costume: Galeno. Francisco Conceição cruzou para o segundo poste, Evanilson amorteceu de cabeça, e o extremo ganhou a frente a António Silva, conseguindo encostar para dentro da baliza encarnada. João Pinheiro ainda fez um compasso de espera, mas o golo acabou mesmo por ser validado, apesar dos protestos vindos do banco dos encarnados.
O Dragão entrava em ebulição e festejava-se novamente, após a validação do golo. Foi num clima de absoluta apoteose que terminou a 1.ª parte, dominada pelos dragões, que estiveram nitidamente por cima do encontro.
No regresso dos balneários, duas novidades. Schmidt tirou Morato e Kokçu. Entraram Álvaro Carreras e Florentino. O Benfica parecia mais confortável, com vontade de deixar outra imagem, mas 10 minutos corridos e Wendell baralhava as contas do técnico alemão. O brasileiro fazia o terceiro dos dragões, após um remate colocado fora da área, e a segunda parte começava como tinha acabado a primeira. Enorme exibição azul e branca, também empurrada pela gigantesca festa nas bancadas, que souberam apoiar desde o primeiro minuto.
E quando o cenário já era dantesco, Otamendi tornou tudo mais complicado. Aos 61 minutos, o argentino viu o segundo amarelo por falta sobre João Pinheiro e deu ordem de expulsão ao capitão dos encarnados. Otamendi, que também já passou pelo FC Porto, saiu a passo sob um enorme coro de assobios. Em reação, Schmidt tirava Rafa e lançava Tomás Araújo, possivelmente temendo que a noite pudesse piorar ainda mais (piorou na mesma). Antes, já tinha entrado Neres para o lugar de Di María.
Aos 66 minutos ouviam-se olés no Dragão, apercebendo-se de que o 3-0, em superioridade numérica, dificilmente escaparia. Pelo meio, alguns assobios tentavam travar o entusiasmo dos adeptos mais confiantes. Pelo meio, Francisco Conceição e Nico González ameaçaram o quarto da noite.
O jogo corria de feição aos azuis e brancos. Do outro lado, sem bola, perdido no jogo, o Benfica acabaria mesmo por sofrer o quarto. Um remate potentíssimo de Pepê voltou a fazer explodir o Dragão, que cantava em uníssono ‘só mais um, só mais um!’.
Já nos últimos minutos, Sérgio Conceição fez quatro alterações de uma assentada só. Galeno foi um dos que saiu, para um aplauso monstruoso.
E quando o resultado já parecia fechado, Namaso respondeu afirmativamente ao pedido dos adeptos e cabeceou com estrondo para o 5-0 final. Por esta altura, nas bancadas, recordava-se o 5-0 aplicado também ao Benfica, em 2011. Villas-Boas era o treinador, que este domingo voltou a celebrar, mas desde a bancada.
Com este resultado, o FC Porto ganha um novo fôlego e mantém-se na luta pelo título e pelo segundo lugar, agora a seis pontos. Já o Benfica perde a liderança para o Sporting, que tem agora mais 1 ponto do que as águias e, não