Numa entrevista ao jornal italiano La Stampa, publicada hoje, 29, quando questionado sobre se a abertura da Igreja a todos é o grande desafio do seu pontificado, depois de ter declarado no verão passado em Lisboa, por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, que a Igreja é para “todos, todos, todos”, o Papa Francisco assumiu que essa é “a chave para compreender Jesus”, pois “Cristo chama toda a gente”, mas admitiu que tem sido confrontado com muitas questões “nos últimos tempos”.
Questionado em concreto sobre a bênção de “casais irregulares e do mesmo sexo”, que sugeriu no ano passado, o Papa Francisco confirmou que lhe perguntam “como é possível”, ao que responde que “o Evangelho é para santificar toda a gente, desde que haja, claro, boa vontade”, sublinhando que “não se abençoa a união, mas as pessoas”.
Ao ser questionado sobre como está a lidar com a resistência de parte da Igreja à sua sugestão, depois de ter falado, numa recente entrevista televisiva em Itália, do “preço da solidão que se tem de pagar depois de um passo como este”, o Papa Francisco apontou então o caso particular de África.
“Os que protestam com veemência pertencem a pequenos grupos ideológicos. Um exemplo disso são os africanos: para eles, a homossexualidade é algo ‘feio’ do ponto de vista cultural, não a toleram”, declarou.
“Mas, de um modo geral, confio que, a pouco e pouco, todos se vão apercebendo do espírito da declaração “Fiducia supplicans” do Dicastério para a Doutrina da Fé: quer incluir, não dividir. Convida as pessoas a acolher e depois a confiar-se a Deus”, completou.