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XIV Congresso da UNITA abre com forte apelo à memória, reconciliação e mudança política

No discurso de abertura, o presidente cessante Adalberto Costa Júnior destacou o percurso histórico do partido, os desafios dos 50 anos de Angola independente e a determinação da UNITA em liderar uma alternância democrática em 2027

by ETHO NKUNGA

O XIV Congresso Ordinário da UNITA teve início com uma cerimónia de abertura marcada por um discurso abrangente do presidente cessante Adalberto Costa Júnior, que usou a ocasião para refletir sobre os 59 anos de história do partido, os desafios de Angola após 50 anos de independência e a urgência de uma mudança política que leve o país a um novo patamar de desenvolvimento e reconciliação.

Dirigindo-se a 1.251 delegados presentes, que representam todas as províncias do país, Costa Júnior iniciou seu discurso agradecendo a presença de todos, destacando a importância do Congresso não apenas como um evento interno, mas como um marco de renovação do compromisso da UNITA com a liberdade, a verdade e a dignidade do cidadão angolano.

“A UNITA nunca se eximirá à sua responsabilidade histórica e, neste momento, reafirmamos o nosso compromisso com a construção de uma Angola mais justa e democrática”, afirmou, sublinhando que este Congresso simboliza a maturidade de um partido que soube resistir ao longo das décadas a tentativas de silenciamento e a pressões externas.

Memória e legado histórico em homenagem a Jonas Savimbi

Um dos pontos centrais do discurso de Costa Júnior foi o apelo à memória histórica, lembrando figuras que foram fundamentais na luta pela independência e pela construção de Angola. Entre eles, destacou Jonas Malheiro Savimbi, fundador da UNITA, cujos ideais de uma Angola plural e democrática continuam a guiar o partido. O líder cessante enfatizou que a UNITA permanece fiel à visão de Savimbi e reafirmou o compromisso de continuar a sua luta pela justiça social, pela liberdade e pela dignidade do povo angolano.

“A memória não aprisiona, ela orienta. Hoje, fazemos um tributo aos que vieram antes de nós, especialmente ao Dr. Jonas Malheiro Savimbi, líder incontestável da UNITA, que idealizou uma Angola plural, livre e democrática”, declarou.

Costa Júnior também lembrou o legado de resistência da UNITA durante os difíceis anos de guerra civil e de repressão, defendendo que o partido é um actor incontornável da história política de Angola, especialmente após a assinatura dos Acordos de Bicesse, que permitiram a transição para o Estado Democrático em 1991.

Conquistas e desafios do mandato cessante

No balanço do mandato que agora se encerra, Costa Júnior destacou diversas conquistas importantes do partido, incluindo o fortalecimento da democracia interna, a ampliação da presença da UNITA em todas as províncias do país e a melhoria das suas estruturas organizativas e políticas. Ele também mencionou a participação destacada da UNITA na Frente Patriótica Unida, que desempenhou um papel relevante nas eleições gerais de 2022.

“Este Congresso é também uma oportunidade para refletirmos sobre os avanços e os desafios que enfrentamos. Ao longo dos últimos quatro anos, conseguimos fortalecer a nossa base e melhorar a nossa capacidade de resposta política”, disse.

No entanto, Costa Júnior reconheceu que o caminho ainda é longo e que a UNITA precisa continuar a avançar para consolidar sua presença política e social, especialmente entre as camadas mais jovens da população angolana.

50 anos de Independência, Lamentações e críticas às comemorações oficiais

O discurso de abertura também foi uma oportunidade para Costa Júnior abordar a recente comemoração dos 50 anos da independência de Angola, ocasião que, segundo ele, deveria ter sido um momento de unidade e reflexão profunda sobre o futuro do país. O líder cessante expressou críticas ao formato das celebrações oficiais, alegando que o foco excessivo no evento e o elevado gasto financeiro não foram apropriados, especialmente em um contexto de crise social.

“Ao celebrar os 50 anos de independência, devemos ter em mente que a verdadeira homenagem ao povo angolano é feita através da união e do reconhecimento de todos aqueles que, de formas diferentes, contribuíram para a nossa libertação. A UNITA reafirma que a independência deve ser comemorada com um espírito de inclusão, e não de divisão”, afirmou.

Costa Júnior lamentou ainda que, passados 50 anos desde a independência, o país continue a viver sob uma divisão profunda entre “vencedores e vencidos”, um legado que remonta aos anos de guerra civil. Ele defendeu que é mais do que tempo de Angola superar essas divisões e construir uma nação unificada, onde todos os angolanos se sintam incluídos.

A alternativa da UNITA para 2027,  reforma política e alternância democrática

Em um dos momentos mais marcantes de sua intervenção, Costa Júnior sublinhou que a UNITA se posiciona como uma alternativa viável para assumir o poder político em 2027. Ele defendeu que Angola precisa de reformas profundas, incluindo a descentralização do poder, uma revisão constitucional, a garantia de um sistema judicial verdadeiramente independente e uma imprensa livre capaz de fiscalizar os poderes do Estado.

“Angola precisa de um novo rumo. A alternância democrática não deve ser vista como uma ameaça, mas sim como um sinal de maturidade política. A UNITA, com sua história e seu compromisso com a democracia, está pronta para liderar a mudança”, afirmou.

Costa Júnior destacou que, para garantir um futuro próspero e inclusivo, é necessário garantir o respeito pelas liberdades individuais, fortalecer as instituições democráticas e adotar políticas econômicas que promovam o bem-estar da população e o desenvolvimento sustentável.

O futuro da UNITA e do país

Encerrando seu discurso, o presidente cessante reafirmou a importância do XIV Congresso Ordinário da UNITA, ressaltando que ele será um ponto de inflexão para o futuro do partido e para o futuro de Angola. O evento, que se estenderá por três dias, tem como objetivo não apenas discutir as diretrizes políticas do partido para os próximos anos, mas também reforçar o compromisso da UNITA com a transformação de Angola em uma nação reconciliada, estável e desenvolvida.

“Este Congresso é uma oportunidade para traçarmos a estratégia que guiará a UNITA na sua missão de transformar Angola numa verdadeira democracia. Devemos aproveitar este momento para reafirmar nossa posição como a força política que liderará a mudança”, concluiu Costa Júnior.

Com um olhar firme no futuro, a UNITA reafirma, através deste Congresso, o seu compromisso com a democracia, a justiça social e a luta incansável pela melhoria das condições de vida dos angolanos, apostando em reformas que garantam a alternância democrática do poder e a construção de uma sociedade mais equitativa para todos.

O XIV Congresso Ordinário da UNITA, que ocorre num momento simbólico, oferece uma plataforma única para debater o presente e o futuro do país, alinhando o partido à transformação política que Angola tanto necessita.

 

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