O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou recentemente que pode impor tarifas de até 200% sobre bebidas alcoólicas destiladas, como vinho, champanhe e outras bebidas produzidas na União Europeia (UE). Essa ameaça ocorre após a UE ter estabelecido uma tarifa de 50% sobre o whisky americano, o que Trump qualificou como uma “tarifa desagradável”.
Em sua plataforma Truth, Trump afirmou que a União Europeia é “uma das autoridades fiscais e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo”. Além disso, ele argumentou que a UE foi criada em 1993 com o único objetivo de explorar economicamente os Estados Unidos.
Em uma entrevista recente na Casa Branca, o presidente foi questionado sobre a possibilidade de recuar nas ameaças de altas tarifas contra aliados geopolíticos dos EUA. Trump reafirmou que os Estados Unidos não seriam mais “enganados” e que não cederia em questões relacionadas a tarifas sobre alumínio, aço e automóveis, defendendo uma política mais agressiva contra práticas comerciais desleais.
Esse posicionamento faz parte de uma estratégia mais ampla que Trump tem adotado em relação aos seus principais parceiros comerciais, como México, Canadá, China e a própria União Europeia. O presidente justifica essas medidas como uma forma de combater o fluxo de drogas, especialmente o fentanil, proveniente do México e Canadá, e também como uma tentativa de reverter a deslocalização de fábricas para o exterior, incentivando a criação de empregos nos Estados Unidos.
Em resposta às ações de Trump, a União Europeia impôs suas próprias tarifas sobre aproximadamente 28 bilhões de dólares em exportações dos Estados Unidos. Essa ação afetou diversos produtos, incluindo aço, alumínio, têxteis, eletrodomésticos e produtos agrícolas. O Canadá também entrou no jogo tarifário, impondo taxas sobre 20,7 bilhões de dólares em exportações americanas.
As tarifas europeias, que têm um impacto direto sobre os Estados dominados por republicanos, como o Kentucky e o Tennessee — famosos por sua produção de bebidas alcoólicas —, geraram reações do setor. Chris Swonger, presidente do Conselho de Bebidas Destiladas dos EUA, expressou preocupação de que as tarifas europeias prejudicassem severamente a recuperação das exportações de bebidas destiladas norte-americanas para a Europa.
A guerra tarifária entre os EUA e seus aliados comerciais também refletiu nos mercados financeiros. Nas últimas semanas, os três principais índices da bolsa de valores dos EUA sofreram quedas significativas, com o S&P 500 fechando mais de 10% abaixo do recorde alcançado no mês passado.
No entanto, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, minimizou as preocupações com a volatilidade do mercado, afirmando que o foco do governo está na economia real e que ele não vê as flutuações do mercado como um grande problema no contexto atual.
Enquanto isso, as tensões comerciais continuam a crescer, com o cenário das tarifas envolvendo bebidas destiladas e outros produtos industriais sendo um reflexo da política de Trump de confrontar práticas comerciais que considera prejudiciais aos interesses econômicos dos EUA.