O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, anunciou hoje a exoneração de Bernardino Rafael do cargo de comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), nomeando Joaquim Adriano Sive como seu substituto. A decisão foi formalizada por meio de um despacho presidencial, utilizando as competências do chefe de Estado.
Bernardino Rafael, que estava à frente da PRM desde 2017, foi substituído por Joaquim Adriano Sive, que, até então, ocupava a função de adjunto comissário da Polícia. Com a nova nomeação, Sive foi promovido à patente de inspetor-geral da Polícia na classe de Oficiais Generais, assumindo oficialmente o comando da PRM.
Joaquim Adriano Sive tem uma trajetória significativa dentro da Polícia, tendo atuado como comandante provincial da PRM em importantes regiões como Cabo Delgado e Nampula. Sua nomeação vem em um momento de renovação e busca por maior eficiência dentro da corporação, que tem enfrentado críticas nos últA atuação das forças policiais, especialmente durante o processo eleitoral recente, tem sido alvo de severas críticas da sociedade civil. A Polícia foi duramente criticada por sua resposta aos protestos pós-eleitorais de 09 de outubro, quando mais de 40% de suas infraestruturas foram destruídas ou vandalizadas.
Em sua primeira intervenção pública, o novo ministro do Interior de Moçambique, Paulo Chachine, destacou que um dos principais objetivos da corporação será restaurar a confiança da população. “A população não pode ter medo de nós. O cidadão deve ser o ponto de partida e de chegada de nossas atividades”, afirmou Chachine, que assumiu o cargo após a posse do Presidente Daniel Chapo. O ministro enfatizou a necessidade de uma polícia mais alinhada com as aspirações das comunidades, com foco em acolher e resolver os problemas da população de maneira transparente e eficaz.
As manifestações pós-eleitorais em Moçambique, que tiveram um saldo trágico com mais de 300 mortos e mais de 600 feridos, desencadearam críticas em torno da atuação de algumas unidades da Polícia, como a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic). Ex-candidatos presidenciais, como Venâncio Mondlane, chegaram a sugerir que a população se constitua como um “tribunal autónomo” para julgar ações das forças policiais, acusando essas unidades de “execuções sumárias” durante os protestos.
O novo comandante-geral e o ministro do Interior enfrentam o desafio de restaurar a confiança da população nas forças policiais, além de reverter a imagem negativa gerada pela repressão excessiva e pela violência contra manifestantes. A sociedade está atenta às próximas ações da polícia e à forma como o novo comando lidará com as críticas e os desafios estruturais da instituição.
O cenário político e social em Moçambique continua a ser complexo, e o trabalho da Polícia será fundamental para garantir a estabilidade e a confiança da população nas instituições do país.