Luanda – O Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) prestou uma homenagem póstuma a Quintino Moreira, ex-deputado e líder fundador da Aliança Patriótica, que faleceu no dia 1 de outubro em Luanda, após enfrentar problemas de saúde.
Quintino Moreira foi uma figura marcante no cenário político angolano, especialmente no campo da oposição. Reconhecido por sua habilidade em formar partidos e coligações, ele se destacou pela sua atuação como opositor durante o período em que José Eduardo dos Santos estava no poder. Havia rumores de que Moreira teria sido promovido ao posto de brigadeiro, o que lhe garantiria uma pensão da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA). Essa promoção, segundo se especulava, teria sido um gesto de apreço do governo de José Eduardo dos Santos pela sua postura moderada e pelo apoio em questões importantes, como a aprovação da constituição e outros diplomas legais.
Pessoas próximas a Moreira afirmavam que a sua promoção militar estava ligada ao seu tempo nas extintas Tropas de Guarda Fronteiras de Angola (TGFA), unidade cujos membros mais tarde foram integrados na segurança do Estado e na Polícia Nacional. No entanto, não existem registros concretos que comprovem a sua entrada nessas instituições. O fato de o SINSE ter prestado a homenagem, e não a Polícia Nacional, pode indicar que Moreira tenha seguido carreira na área de segurança de Estado.
No início de 2022, Quintino Moreira fez questão de esclarecer as confusões sobre sua suposta promoção, afirmando que nunca foi militar, mas sim filho de antigos combatentes e veteranos da Pátria. Ele negou veementemente ter sido promovido a brigadeiro, embora nunca tenha desmentido sua ligação com as TGFA.
Ao longo de sua vida, Moreira foi líder da coligação Nova Democracia União Eleitoral, extinta após as eleições de 2012 por não alcançar votos suficientes. Mais tarde, adversários políticos alegaram que ele teria sido convidado pelo regime a retornar à política ativa, sendo-lhe oferecido um partido com símbolos semelhantes aos da extinta Frente Para Democracia (FpD).
Além de sua carreira política, Quintino Moreira teve uma trajetória profissional diversificada. Ele iniciou sua vida profissional como professor nos níveis II e III no final dos anos 1980. Em 1990, atuou como chefe de setor interno no departamento de serviços gerais de uma fábrica de bicicletas e motorizadas, a Fabimor. Posteriormente, ocupou cargos de liderança no setor contencioso e no departamento administrativo de empresas em Luanda. Mais tarde, ele se formou em Direito e dedicou-se a diversos negócios, incluindo a importação de veículos.
Aos 54 anos, Quintino Moreira deixa um legado significativo na política e nos negócios em Angola. Sua morte marca o fim de uma trajetória de influência e liderança, lembrada agora pelo SINSE e outros que o admiravam pela sua atuação e contribuição ao país.