As discussões para um eventual cessar-fogo na Ucrânia reuniram esta semana representantes dos Estados Unidos, Rússia e Ucrânia em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, num momento em que os ataques russos continuam a atingir território ucraniano.
Segundo a agência Reuters, Washington está representado pelo secretário do Exército, Dan Driscoll, que manteve na segunda-feira um encontro com uma delegação russa. As conversações prosseguem esta terça-feira, com a confirmação de que Kiev também enviou representantes para a capital emiradense.
As reuniões são vistas como um sinal de empenho por parte dos EUA em acelerar uma solução diplomática para o conflito. No entanto, o clima continua tenso no terreno: ainda na segunda-feira, a Rússia lançou novos ataques com mísseis balísticos e drones contra Kiev, aumentando a pressão sobre o processo negocial.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sibiga, criticou duramente Moscovo, acusando-a de responder “com terrorismo” aos esforços diplomáticos norte-americanos. “Putin respondeu às propostas de paz dos Estados Unidos e do Presidente Donald Trump com uma chuva de mísseis e drones”, afirmou, citado pela Lusa.
As negociações avançam dias depois de Washington ter apresentado um plano inicial composto por 28 pontos, que propunha, entre outras medidas, cedência territorial, redução das Forças Armadas e renúncia da Ucrânia à adesão à NATO. O documento gerou forte oposição, tanto em Kiev como entre aliados europeus, sobretudo por ter sido elaborado sem consulta direta às autoridades ucranianas.
Reuniões realizadas no domingo entre líderes ucranianos, europeus e norte-americanos terão permitido aproximar posições, embora persistam divergências e nenhum dos lados tenha revelado o teor concreto do entendimento alcançado.
A preocupação europeia com o rumo das negociações também se tornou evidente. Nesta terça-feira, o Presidente francês Emmanuel Macron alertou que a Europa não pode demonstrar fragilidade perante a Rússia. “Seria um erro sermos fracos perante esta ameaça”, afirmou numa entrevista à rádio RTL.
As conversações em Abu Dhabi deverão continuar nos próximos dias, embora permaneça incerto se poderão resultar num cessar-fogo ou numa base sólida para um processo de paz mais abrangente.
